Duquesa de Tax: ‘Brasil arrecada como se fosse a Noruega e entrega como Honduras’
No programa ‘Não vou passar raiva sozinha’ desta semana, Maria Carolina Gontijo fala sobre o sistema tributário brasileiro e para onde vai arrecadação
A carga tributária brasileira subiu em 2024, e não foi pouco, segundo a colunista do Estadão Maria Carolina Gontijo, a Duquesa de Tax. Em 2023, segundo o Tesouro Nacional, a carga bruta correspondia a 32,44% do PIB. No entanto, após uma revisão metodológica, esse valor foi recalculado para 30,3% na nova série histórica. Já em 2024, a carga subiu para 32,32%, representando uma elevação de 2 pontos porcentuais em apenas um ano, como destaca. Trata-se do maior salto desde 2010.
No programa “Não vou passar raiva sozinha” desta segunda-feira, 5, a colunista do Estadão discute os motivos dessa alta na carga tributária brasileira (confira a íntegra no vídeo acima).
De 2023 para 2024, a arrecadação federal cresceu 1,5 ponto do PIB, mais de três vezes o que cresceu a carga estadual, que subiu 0,45 ponto; a municipal subiu 0,12 do PIB. No total, houve aumento de R$ 484 bilhões em arrecadação, diz a colunista. “É muito. E de onde é que vem esse dinheiro todo que banca aqui o Estado brasileiro?”

A colunista do Estadão Maria Carolina Gontijo, a Duquesa de Tax Foto: Taba Benedicto/Estadão
A arrecadação do Brasil é dividida da seguinte forma: consumo (ICMS, ISS, IPI, Pis e Cofins), que representa mais de 40% da arrecadação total, e renda (Imposto de Renda). “Em 2024, por exemplo, o Imposto de Renda retido na fonte arrecadou mais de 4% do PIB. Mas grande parte desse valor veio de aplicações financeiras, folha de pagamento, operação entre empresa, pública e privada”, explica a Duquesa.
Há ainda os impostos sobre propriedades, como IPTU, IPVA, ITR, em tese, seriam os impostos mais justos, porque incidem sobre o patrimônio. Na prática, eles representam só cerca de 1,7% do PIB, menos do que o que a gente paga de IOF. “Por fim, temos a famosa caixinha de outros, que inclui o IOF, Cide, taxas federais, estaduais e municipais e um zilhão de siglas, cada uma com uma função e um objetivo.”
Mas para onde é que vai esse dinheiro todo?
- Previdência Social – o maior gasto, incluindo INSS, pensões e regimes próprios;
- Saúde – com despesas obrigatórias como SUS, hospitais e salários de profissionais;
- Educação – também com piso constitucional, segue a lógica da saúde;
- Segurança Pública – abrange polícias, presídios e parte das Forças Armadas;
- Custeio do Estado – engloba salários, repasses e estrutura dos Três Poderes;
- Investimentos – ficam por último e só ocorrem “quando sobra” dinheiro, embora sejam os mais necessários.
“Agora vem a parte que dói. O Brasil tem um sistema tributário que cobra como se fosse a Noruega e entrega como se fosse Honduras. Ele tem três problemas principais. Ele é regressivo, porque ele tributa mais o consumo do que a renda”, critica a Duquesa.
Programa
Todas as quintas-feiras, às 9h30, a Duquesa de Tax faz reacts (comentários sobre outros vídeos ou entrevistas) do noticiário econômico no Estadão. Além disso, tem o programa semanal Não vou passar raiva sozinha. Os vídeos inéditos vão ao ar sempre às segundas-feiras, às 9h30, para assinantes do Estadão. Cortes do programa são distribuídos ao longo da semana nas redes sociais e na Rádio Eldorado. A atração também tem uma versão em podcast.
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