O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o BC (Banco Central), sob a gestão de Roberto Campos Neto, foi “totalmente irresponsável” e deixou uma “arapuca que a gente não pode desmontar de uma hora para outra”. A declaração foi dada durante entrevista a rádios baianas, nesta quinta-feira (6), quando questionado sobre a inflação e seu impacto no preço dos alimentos. As informações são do R7, parceiro nacional do Portal Correio.
“Estou preocupado porque na medida que a gente aumenta o salário mínimo acima da inflação, nós precisamos compensar com redução do preço dos alimentos. Nós temos uma inflação em que se comparar com a inflação desses dois anos, que foi de 7,6% no meu governo, com os dois primeiro anos do Bolsonaro, que foi de 27,4%. E nós estamos trabalhando: conversando com empresários, usando a competência da Fazenda e da Agricultura para encontrar solução”, disse Lula.
“O problema sério é que tivemos aumento do dólar porque temos um Banco Central totalmente irresponsável, que deixou uma arapuca que a gente não pode desmontar de uma hora para outra. Um cavalo de pau num mar revolto a gente pode tombar o navio”, completou. O presidente argumentou também que não vai fazer congelamento de preços ou implementação de fiscal em supermercados.
Os alimentos têm enfrentado inflação resistente — observada em 2024 e que deve persistir neste ano. Levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revelou que alimentos e bebidas foram os itens que mais impactaram a inflação de dezembro, o que afetou mais as famílias de baixa renda. O aumento nos preços de carnes, ovos, óleo de soja e café pressionou o orçamento dos mais pobres.
Além dos alimentos, as passagens de transporte público, incluindo trem e ônibus, também registraram aumento. A análise do IPCA, que mede a inflação oficial do país, destaca como o crescimento dos preços é mais severo para quem ganha até R$ 5.304. Esse cenário força as famílias a revisar os gastos e exige que o governo considere medidas econômicas para controlar os aumentos.
Até o momento, o governo federal não apresentou uma medida para frear a alta no custo dos produtos. Em 30 de janeiro, Lula destacou querer mais produção, sem mercado paralelo. “Eu não tomarei nenhuma medida daquelas que são bravatas. Não farei cota, não colocarei helicóptero para viajar fazenda e prender boi como foi feito no tempo do Plano Cruzado. Não vou estabelecer nada que possa significar surgimento de mercado paralelo”, garantiu Lula ao ser questionado pelo R7 no dia 30 de janeiro.
PIB de 3,7%
Na entrevista, Lula destacou que o Brasil vai crescer até 3,7% neste ano. “A economia vive o seu melhor momento. Somos um dos países que mais cresceu no mundo. Nós vamos crescer 3,5% ou 3,7% esse ano. A gente já deu aumento de salário mínimo acima da inflação; a massa salarial cresceu mais do que em qualquer outro momento; o desemprego é o menor da história”, pontuou.
Segundo o presidente, o dólar está voltando a normalidade e a inflação está “totalmente controlada”. “Eu tenho dito o seguinte nas reuniões que tenho feito: uma das coisas mais importantes para controlar o preço é o próprio povo. Se vai em um supermercado e desconfia que tal produto está caro, não compre. Se todo mundo tiver a consciência e não comprar, quem está vendendo vai ter que abaixar para vender, senão vai estregar. É um processo que a gente não precisa falar porque é da sabedoria do ser humano. Ninguém pode explorar ninguém”.
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