A Polícia Civil da Paraíba apresentou ontem (15), um balanço das investigações sobre o mutirão oftalmológico realizado em maio no Hospital das Clínicas de Campina Grande, que teria supostamente provocado danos à saúde visual de vários pacientes. Até esta semana, 45 pessoas já foram ouvidas no inquérito que apura as circunstâncias e responsabilidades do caso que chocou a população e levantou alertas sobre os cuidados médicos oferecidos em mutirões de saúde.
Os relatos começaram a ser formalizados ainda em maio, com o registro do primeiro Boletim de Ocorrência, e desde então a apuração tem se aprofundado. A polícia confirmou que outras vítimas e testemunhas ainda deverão ser ouvidas nos próximos dias.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, a condução das oitivas enfrenta desafios logísticos e humanos: muitos dos afetados são pessoas idosas e residem em cidades distantes de Campina Grande. O órgão informou que essas limitações exigem sensibilidade e planejamento por parte das equipes investigativas, já que todos os pacientes — em sua maioria da terceira idade — possuem o mesmo direito de atendimento prioritário.
Mesmo diante das dificuldades, a instituição garante que segue atuando com rigor e responsabilidade. Em nota oficial, a PCPB reafirmou o compromisso com uma apuração técnica e imparcial, destacando o histórico da corporação.
À época das primeiras denúncias, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-PB) emitiu nota oficial informando que estava apurando possíveis irregularidades nos procedimentos realizados. Segundo a pasta, as cirurgias foram executadas pela empresa Fundação Rubens Dutra Segundo, contratada pela SES, sendo de responsabilidade exclusiva da empresa tanto os profissionais envolvidos quanto o fornecimento de materiais cirúrgicos utilizados.
Diante dos relatos de complicações, a SES informou que instaurou processos administrativos para investigar a conduta da empresa e apurar eventuais falhas nos procedimentos adotados. Além disso, suspendeu o contrato com a Fundação Rubens Dutra Segundo, incluindo todos os aditivos firmados, até a conclusão das investigações administrativas, éticas e criminais.
A Fundação Rubens Dutra Segundo, porém, afirmou que tem acompanhado os pacientes que se submeteram aos procedimentos. A entidade considerou que não é possível afirmar que as complicações surgidas, após os atendimentos, foram provocadas por medicações vencidas.
O caso segue em investigação ativa. A expectativa é que, com a finalização das oitivas e laudos médicos, seja possível identificar possíveis responsáveis técnicos, falhas de procedimento e definir responsabilizações criminais, caso as irregularidades sejam positivas.
Redação