A Paraíba está sob alerta. Após anos sem casos de raiva humana, um homem de 50 anos encontra-se internado em Campina Grande com suspeita da doença, após ter sido mordido por um sagui e não ter procurado atendimento médico imediatamente. O caso segue sob investigação das autoridades de saúde.
O Conselho Regional de Medicina Veterinária da Paraíba (CRMV-PB) reforça a necessidade da vacinação de animais domésticos e orienta que a população não deve interagir ou alimentar animais silvestres, uma vez que existe risco de ataques que provocam ferimentos, podendo causar doenças. Alerta que não se deve agredir animais silvestres pois isso é crime e pode acarretar multa e prisão.
A raiva é uma doença viral grave, que circula principalmente entre mamíferos silvestres, mas que também pode atingir cães, gatos e seres humanos. A transmissão ocorre por meio da saliva infectada, especialmente em situações de mordedura, arranhadura ou contato com mucosas e ferimentos abertos. Por isso, a prevenção permanece como a única forma segura de proteção, baseada na vacinação regular de cães e gatos e na busca imediata por atendimento de saúde após qualquer exposição de risco.
O presidente do CRMV-PB, médico-veterinário José Cecílio, destaca que a vacinação é uma das formas mais eficazes de se prevenir doenças e garantir o bem-estar dos animais. “Além disso, ao mantermos as vacinas em dia, ajudamos a controlar a disseminação de zoonoses, que são doenças transmitidas entre animais e seres humanos”, ressaltando a importância da imunização regular como principal medida de proteção para tutores e para a coletividade.
Sinais de alerta – O CRMV-PB alerta ainda para sinais que podem indicar comportamento suspeito em animais, como agressividade incomum, dificuldade de locomoção, salivação excessiva, desorientação, vocalização anormal, paralisia, além de morcegos encontrados caídos, presos em locais baixos ou voando durante o dia. Nesses casos, a recomendação é não tocar no animal, isolar a área e comunicar imediatamente a Vigilância em Saúde. O Conselho orienta que a população não alimente, não manipule e não tente domesticar animais silvestres, como saguis, morcegos e outros mamíferos que vivem em áreas de interface com o meio urbano.
Animais Silvestres – A médica-veterinária Lilian Eloy, que atua na área de fauna silvestre e pets não convencionais, alerta que essa prática altera o comportamento natural dos animais e aumenta significativamente os riscos à saúde. “Ao oferecer alimento ou tentar interação direta, as pessoas se expõem ao risco de doenças e induzem nos animais situações de estresse e agressividade, aumentando significativamente a possibilidade de transmissão de enfermidades, sendo a raiva uma das mais graves”, disse.
O manejo adequado da fauna silvestre é outra medida essencial de prevenção. Em situações envolvendo morcegos com comportamento atípico, a recomendação é não tocar no animal, isolar o ambiente e acionar os órgãos competentes. O CRMV-PB reforça que os morcegos desempenham papel ecológico fundamental no controle de insetos, na polinização e na dispersão de sementes e que sua eliminação, além de crime ambiental, não reduz o risco da raiva.
Uma Só Saúde – O vice-presidente do CRMV-PB, médico-veterinário Wilson Woulflan, que também integra a Comissão Nacional de Uma Só Saúde, reforça que a prevenção da raiva deve ser compreendida dentro de uma abordagem integrada entre saúde humana, animal e ambiental. Segundo ele, o contato inadequado com a fauna silvestre representa um risco não apenas individual, mas coletivo. “A prevenção da raiva é uma política permanente de saúde pública e depende da atuação integrada do poder público, dos profissionais da Medicina Veterinária e do compromisso da sociedade em adotar práticas seguras e conscientes”, observou.
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