O ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PT), confirmou nesta quinta-feira (24) que será pré-candidato a deputado federal nas eleições de 2026. Em entrevista ao programa Correio Debate, da rádio Correio 98 FM, o petista também abriu o jogo sobre sua relação com o governador João Azevêdo (PSB) — a quem indicou como sucessor em 2018 — e revelou mágoas profundas com o ex-aliado.
“Eu sou pré-candidato a deputado federal. Cheguei a essa decisão porque não quero ser usado em articulações de candidatura majoritária. E também porque olho para o Congresso e vejo a necessidade de se fazer um contraponto ideológico. Precisamos de uma bancada que defenda a soberania nacional”, declarou Ricardo.
Após ter sua candidatura ao Senado Federal indeferida nas eleições de 2022 por conta da inelegibilidade imposta pela Justiça Eleitoral, Ricardo — agora com os direitos políticos restabelecidos — planeja retornar à cena política pela Câmara dos Deputados. Naquele pleito, mesmo com a candidatura impugnada, ele somou mais de 500 mil votos, ficando em terceiro lugar.
Sua aposta para 2026 é representar uma ala mais ideológica da esquerda no Congresso Nacional. “Eu tenho uma profunda discordância com a lógica neoliberal que domina o Parlamento hoje”, afirmou.
Ricardo Coutinho também foi enfático ao comentar a ruptura com João Azevêdo, atual governador e seu ex-aliado político. Foi Ricardo quem lançou João ao governo, mas o rompimento veio no primeiro ano de gestão, especialmente após o avanço da Operação Calvário, na qual Ricardo se tornou um dos principais investigados. “Não diria que foi um erro, mas se eu soubesse o que viria depois, eu não o teria indicado. Eu esperava mais dele”, disse Ricardo, visivelmente ressentido.
Para ele, a liderança de João Azevêdo é sustentada apenas pelo poder do cargo. “Ele não tem base. Não tem deputado, não tem prefeito. A liderança dele se sustenta na caneta. O grupo voltou ao familismo, às oligarquias”, criticou.
Ao ser questionado sobre sua saída do PSB, partido que governou por duas vezes, Ricardo foi direto ao afirmar que não sente saudades da legenda. Segundo ele, sua presença no partido era vista com desconfiança. “Eu era visto como um infiltrado do PT dentro do PSB. Mas eu tenho um projeto político, e é esse projeto que eu vou defender agora com mais clareza”, reforçou.
Desde 2021 filiado ao Partido dos Trabalhadores, Ricardo Coutinho tenta se reposicionar no cenário político estadual, com foco no embate ideológico e na disputa por espaço dentro da esquerda paraibana.
Com trajetória marcada pela militância e atuação progressista, Ricardo Vieira Coutinho iniciou sua carreira pública como vereador de João Pessoa (1993–1999) e, em seguida, foi eleito deputado estadual (1999–2004).
Foi eleito prefeito da capital paraibana em 2004 e reeleito em 2008. Em 2010, renunciou à Prefeitura para disputar o Governo da Paraíba, sendo eleito no segundo turno. Foi reeleito em 2014 e permaneceu no cargo até o fim do mandato, em 2018.
Nas eleições de 2020, concorreu novamente à Prefeitura de João Pessoa, mas não obteve êxito. Em 2022, foi candidato ao Senado Federal pelo PT, mas também não conseguiu se eleger.
De Olho no Cariri
Com Fonte83