Física: ao mesmo tempo, dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço.
Assim também ocorre na política. Em alguns estados brasileiros, a rota para as urnas já vai se desenhando; na Paraíba, esse fenômeno acompanha o curso da urgência e das circunstâncias.
O atual prefeito da capital, João Pessoa, Cícero Lucena, de maneira corajosa, tomou uma decisão firme: saiu do grupo do governador João Azevêdo, desfiliou-se do Progressistas (PP) e decidiu seguir novos rumos. Não é pouca coisa. As pesquisas recentes mostram Cícero encabeçando cenários com números consideráveis. A meu ver, ele vai tomando a forma de um chiclete: está grudado na boca e nas mãos do povo paraibano.
A ala progressista, sobretudo a família Ribeiro, que há mais de meio século atua na política estadual, não gostou da decisão de Cícero. E não sem razão: a escolha do prefeito afeta diretamente as pretensões do vice-governador Lucas Ribeiro, que sonha com um voo livre até o Palácio da Redenção. Mas Cícero já montou em seu cavalo celado e deu as primeiras cavalgadas rumo ao desafio.
É natural que Lucas Ribeiro opte pela candidatura ao governo. Também é natural que Cícero Lucena aspire o mesmo cargo, afinal, já está no segundo mandato como prefeito e, lá atrás, deu sinais de que esse seria o passo seguinte. A família Ribeiro, acostumada a navegar por cargos legislativos, agora terá de mostrar a que veio na política executiva. A hora da prova chegou.
O governador João Azevêdo, ao que tudo indica, deixará o cargo em abril do próximo ano para disputar uma vaga quase certa no Senado. Com isso, Lucas Ribeiro terá seis meses com a máquina estadual em mãos para consolidar sua candidatura, um privilégio ímpar. Já Cícero, ao contrário, dependerá do que já demonstrou em sua administração na capital, que tem sido bem avaliada.
A Paraíba, em 2026, comportará até três candidaturas fortes ao governo, embora quatro nomes estejam hoje no jogo: Cícero Lucena, Pedro Cunha Lima, Efraim Filho e Lucas Ribeiro. Um deles deverá ceder no caminho, restando três gladiadores na arena.
Não se deve subestimar a esperteza da família Morais. O pai, Efraim Morais, é um tigre velho, experiente e ainda muito influente no interior. O filho, Efraim Filho, atual senador, é cria desse tigre e sabe arregimentar forças nas grandes cidades, como João Pessoa e Campina Grande. Alinhado à direita bolsonarista, ele já deve garantir algo em torno de 25% do eleitorado fiel a esse campo ideológico. Com nomes como Michelle Bolsonaro e Tarcísio de Freitas (forte pré-candidato à Presidência) puxando votos, Efraim Filho tem tudo para ganhar fôlego até a porta do Palácio da Redenção.
Na verdade, a disputa na Paraíba de 2026 está se moldando como um clássico de primeira divisão. O campo será duro, as torcidas apaixonadas e os lances inesperados.
Quem viver, verá!
Elcio Nunes
Cidadão Brasileiro