O superintendente da PB Saúde, Dr. Jhony Bezerra (PSB), defendeu nesta segunda-feira (27) a instalação da CPI da Saúde na Câmara Municipal de Campina Grande (CMCG) e fez duras críticas à gestão do prefeito da Rainha da Borborema, Bruno Cunha Lima (União Brasil). Bezerra afirmou que é preciso apurar o destino dos recursos federais destinados ao município e responsabilizar quem desviou a finalidade das verbas.
“O foco da CPI é investigar a origem e o destino dos R$ 58 milhões que deveriam ter sido repassados ao Hospital Help e à FAP, e não foram. Esses recursos são carimbados para média e alta complexidade, mas foram utilizados indevidamente pela prefeitura. O próprio secretário revelou que o dinheiro foi usado em outras despesas. Isso precisa ser explicado”, afirmou durante entrevista ao programa Arapuan Verdade, da rádio Arapuan FM.
Jhony Bezerra destacou que a situação financeira da saúde municipal reflete falta de planejamento e má gestão dos recursos públicos, apontando que a prefeitura tem usado emendas parlamentares para pagar a folha de pessoal, o que é irregular. “Quando se paga servidor com emenda parlamentar, é porque não há programação financeira nem controle. Isso ocorre há anos. O próprio secretário de Finanças de Campina revelou isso publicamente. Falta gestão, falta responsabilidade e, sobretudo, vontade política de resolver o problema”, criticou.
O superintendente ressaltou que Campina Grande recebe cerca de R$ 500 milhões anuais em recursos da saúde, mas enfrenta atrasos salariais, falta de repasses e dívidas com fornecedores. Segundo ele, a prefeitura perdeu o foco da administração pública e transformou a gestão em plataforma eleitoral permanente.
“Bruno e a família Cunha Lima usam a prefeitura há anos como instrumento político. Não há reunião de secretários para discutir soluções para a cidade, só articulações eleitorais. Enquanto servidores passam fome, a gestão lança licitação de R$ 16 milhões para enfeites natalinos. Isso é um desrespeito à população”, disparou.
Crise e cobrança pela CPI
As declarações de Jhony Bezerra ocorrem em meio ao agravamento da crise na rede municipal de saúde. Hospitais conveniados, como o Help e a FAP, denunciam atrasos de até três meses nos repasses, e o Sindicato dos Servidores Municipais (Sintab) alerta para a falta de pagamento a profissionais desde setembro.
Na semana passada, vereadores de oposição protocolaram pedido de criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar a aplicação dos recursos da saúde. O avanço da proposta depende do presidente da Câmara Municipal, Saulo Germano (Podemos), que pode arquivar ou dar seguimento à iniciativa.
Jhony apelou para que o Legislativo não obstrua a investigação: “A população precisa cobrar que Saulo Germano não engavete a CPI. Onze vereadores assinaram o pedido, cumprindo o papel de fiscalizar. Seria um erro grave se a Câmara não desse transparência a esse processo”, alertou.
O superintendente também criticou o isolamento político do prefeito Bruno Cunha Lima e sugeriu que o gestor deveria buscar apoio dos governos estadual e federal para resolver a crise. “Campina não pode se esconder do problema. Falta humildade para bater na porta do presidente Lula ou do governador João Azevêdo e pedir ajuda. A segunda maior cidade do Estado, com orçamento de R$ 2 bilhões, não consegue pagar a folha de pessoal. Isso é descontrole total”, afirmou.
Jhony concluiu dizendo que a CPI pode ser o ponto de partida para restaurar a transparência e a credibilidade da administração municipal: “A cidade precisa de respostas. O que foi feito com o dinheiro da saúde? Quem se beneficiou desse caos? A CPI é o caminho para esclarecer isso”, finalizou.


