Não espero aplausos por este texto. Nem escrevo para agradar. Sei que muitos que me seguem e caminham comigo poderão se incomodar com o que vou dizer. Mas o compromisso que carrego não é com nomes, nem com mitos, nem com famílias — é com a verdade e com a minha consciência.
Continuo sendo de direita. Conservador. Cristão. E, sim, sigo admirando muitas das posturas que o ex-presidente Jair Bolsonaro teve diante de um sistema perverso e corrompido. Mas há decisões que, com todo respeito, não posso endossar.
Soube que Bolsonaro pediu à deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC), uma mulher firme, coerente, e que construiu seu nome com trabalho em Santa Catarina, para que não concorra ao Senado em 2026. A razão? Abrir espaço para seu filho, Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro, disputar a vaga por aquele estado. Isso mesmo: um político carioca sendo “transplantado” para Santa Catarina — onde nunca construiu base nem prestou serviço relevante.
Ao mesmo tempo, há rumores de que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro poderá ser candidata ao Senado por Brasília — ou até mesmo à Presidência da República. E aqui deixo claro: Michelle tem o meu apoio sincero para ambas as possibilidades. Vejo nela preparo, sensibilidade, equilíbrio e uma postura respeitável diante da fé e da vida pública.
E mais: o filho nº 4, Renan Bolsonaro, que já é vereador por Santa Catarina, tem grandes chances de sair como deputado federal pelo estado em 2026.
Alguém poderá dizer: “Ora, ele já ajudou tantos desconhecidos a chegarem ao Congresso, por que não aos seus filhos?”
Respondo: ajudar é uma coisa, exagerar é outra.
Para mim, isso tudo soa mais como um projeto familiar de poder, e não como um projeto nacional.
Não sou contra pessoas. Mas sou contra práticas que sacrificam nomes legítimos, como o de Júlia Zanatta, em favor de arranjos dinásticos. É incoerente denunciar o “sistema” e, ao mesmo tempo, reproduzi-lo dentro de casa.
Sigo sendo de direita. Mas não sou gado. Tenho discernimento. E preservo, com temor e liberdade, a capacidade de pensar e discordar — mesmo dentro do nosso campo ideológico.
Que Deus nos dê lucidez.
Que o Brasil desperte — não para odiar, mas para discernir.
Elcio Nunes – Cidadão Brasileiro