Os relatórios da PF e a denúncia da PGR em 2024 deixaram dúvidas sobre a ação de Bolsonaro em atos executórios da trama golpista: não havia áudio, texto ou foto que o incriminasse. Contudo, os recentes depoimentos colocaram Bolsonaro no centro da trama golpista. Vejamos:
1) Em seu depoimento, Bolsonaro admitiu que debateu “alternativas” diante do resultado de 2022. Apesar de GLO e estado de sítio e de defesa serem prerrogativas do Presidente, ele não poderia discutir um documento com conteúdo golpista! Bolsonaro, após debater “alternativas” de ruptura, concluiu: “não tinha clima, não tinha oportunidade para fazer qualquer coisa”.
2) Mauro Cid era braço direito de Bolsonaro e pessoa de sua irrestrita confiança. Cid disse que Bolsonaro recebeu, leu e sugeriu alterações no texto que tratava de uma ruptura institucional que previa a prisão de ministros e convocação de novas eleições. No depoimento, Bolsonaro admitiu: “isso foi colocado na tela de televisão”.
3) Carlos de Almeida, ex-comandante da Aeronáutica, disse em depoimento que Bolsonaro participou de um plano para permanecer no poder e que o comandante do Exército ameaçou prendê-lo se prosseguisse na tentativa.
Sim, Bolsonaro debateu meios para um golpe. Ele entrou nos atos executórios! Depois dos relatórios da PF em 2024, já não pairavam dúvidas de que pessoas como General Heleno e Braga Neto entraram nos atos executórios da tentativa de golpe. Agora, os depoimentos dão conta que o próprio Bolsonaro teve acesso e discutiu documentos golpistas.
Bolsonaro e seu entorno não têm tido um julgamento imparcial. Existem questões processuais que vão do foro até cerceamento de defesa. Isso é grave e pode gerar nulidade das condenações. Mas as provas apresentadas pela PF e os depoimentos não deixam dúvidas: o grave crime de tentativa de golpe foi cometido por Bolsonaro e seu entorno!
Uma última lição: quem segue cegamente líder político paga um preço! Bolsonaro, diante de Moraes, foi manso para se proteger e chamou as pessoas que acamparam diante dos quartéis de “malucos”. Político populista, cheio de bravatas, usa pessoas e, quando elas não servem mais, as chama de “malucas”.
Anderson Paz