Jovem que pilotava a motocicleta foi atingido na cabeça por um tiro.
A Polícia Civil da Paraíba esclareceu na manhã desta quinta-feira, 24 de julho, as causas das mortes dos jovens Guilherme Pereira, 18 anos, e Ana Luzia, 17 anos, durante uma abordagem policial no bairro Muçumagro, em João Pessoa, na noite do dia 30 de novembro de 2024. A investigação sobre o caso foi minuciosamente explicada à imprensa, em entrevista coletiva realizada na sede do Instituto de Polícia Científica (IPC) da capital paraibana.
De acordo com as explanações, no dia do fato o IPC foi acionado para uma ocorrência de acidente de trânsito em Muçumagro. Guilherme e Ana – que estavam em uma moto – teriam colidido com o veículo em um poste, o que teria causado a morte do casal. O Instituto de Polícia Científica, então, realizou os procedimentos de perícia inerentes a casos de acidentes.
A Delegacia de Acidente de Veículos – que trata de ocorrências do tipo – começou a ouvir as pessoas envolvidas no episódio, e uma das testemunhas relatou que “houve disparo de arma de fogo” durante aquela abordagem realizada por policiais militares. Diante dessa informação – que não havia sido dada à Polícia Civil no dia do fato –, a 1ª Superintendência de Polícia Civil repassou as investigações para a Delegacia de Crimes contra a Pessoa (DCCPES) da capital.
A DCCPES retomou o trabalho investigativo com os procedimentos de praxe: oitiva de pessoas envolvidas no caso; requisição de exames periciais específicos; identificação dos policiais que estavam na ocorrência; informações sobre as armas utilizadas por eles; dentre outros procedimentos.
No decorrer das investigações, a própria DCCPES representou na justiça pela exumação dos corpos de Guilherme e Ana Luzia. Tanto o Ministério Público quanto o Poder Judiciário foram de acordo e permitiram que os cadáveres fossem novamente submetidos a análises periciais.
Nesta etapa das investigações, o IPC da Polícia Civil – em exames que contaram com parceria técnica da perícia da Polícia Federal – constatou que Guilherme foi atingido por um tiro de fuzil na cabeça. De acordo com o perito Flavio Fabres, da PCPB, foi necessário reconstruir o crânio do jovem para se chegar a essa conclusão.
“Após a reconstituição, nós encontramos o orifício de entrada e orifício de saída no crânio”, disse Flávio, exibindo imagens do trabalho pericial realizado. Ele informou que somente nessa análise mais detalhada no corpo de Guilherme é que foi possível ‘montar’ os ossos da cabeça e visualizar os orifícios causados pelo disparo de arma de fogo.
A informação correta
O superintendente da Polícia Civil na região de João Pessoa, delegado Cristiano Santana, lembrou que todos os exames periciais – inclusive a exumação dos corpos – foram requisitados pela delegada titular da DCCPES, Ana Luisa, no decorrer dos cinco meses de investigação do caso.
“Inicialmente, como a informação dada à Polícia Civil era de que se tratava de um acidente de trânsito, então o caso ficou com a Delegacia de Acidentes. Mas diante do relato de que houve tiros na ocorrência, de imediato nós repassamos o caso para a DCCPES, que requisitou todos os procedimentos necessários à apuração completa do caso”, declarou Santana.
Policial indiciado
Com base em todas as provas técnico-científicas apuradas pela Polícia Civil, o policial apontado como autor do disparo foi indiciado por duplo homicídio qualificado. A jovem Ana Luzia não foi atingida pelo tiro, mas acabou morrendo em decorrência da colisão da motocicleta no poste, o que, por sua vez, teve como fato motivador o disparo na cabeça de Guilherme, que conduzia a motocicleta.
Ascom / Polícia Civil