A política tem seus ciclos e, na Paraíba, há movimentos que, mesmo quando parecem novidade, carregam ecos do passado.
A possível ida do presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, para o Partido Verde (PV) — diante do silêncio do Republicanos sobre sua pré-candidatura ao Governo do Estado — não é apenas uma mudança partidária. Pode ser o início de uma reconstrução estratégica que remonta aos tempos de Ricardo Marcelo e o fortalecimento do então PEN.
Ricardo Marcelo, à época presidente da Assembleia, conseguiu transformar o PEN, que era praticamente irrelevante no cenário estadual, em uma legenda robusta e influente. Em pouco tempo, o partido passou a contar com uma das maiores bancadas da ALPB. Aquela articulação não foi apenas numérica, mas também simbólica: mostrou que, com liderança e estratégia, qualquer sigla pode ganhar protagonismo no Legislativo.
Agora, com Galdino, o cenário tem contornos semelhantes. Com capital político acumulado, bom trânsito entre diferentes campos ideológicos e prestígio entre os parlamentares, ele reúne os ingredientes necessários para repetir — e talvez superar — a façanha de Ricardo Marcelo. O PV, por sua vez, surge como uma escolha inteligente. Federado com PT e PCdoB, alinha-se diretamente à base do presidente Lula e permite a Galdino se apresentar como o nome natural do campo governista para 2026.
Mais do que uma decisão partidária, uma eventual ida de Galdino para o PV pode reconfigurar blocos, movimentar cadeiras e consolidar um novo polo de poder dentro da ALPB. A história mostra que isso é possível — e, com a articulação certa, provável.
Se o PV será o novo PEN de Adriano Galdino, o tempo dirá. Mas os sinais estão dados, e a Paraíba política pode estar prestes a assistir a mais um movimento de bastidor que muda o jogo.
Márcia Dias