A decisão do senador Efraim Filho (União Brasil) de assinar o pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes escancarou sua aproximação definitiva com o bolsonarismo. O gesto vem em sintonia com o apoio já sinalizado pelo PL à sua pré-candidatura ao governo da Paraíba em 2026 — mas a movimentação, ao invés de fortalecer, pode acabar estreitando seus caminhos no cenário político estadual.
Isso porque o bolsonarismo nunca teve enraizamento significativo, pelo menos na Paraíba. Em 2022, Jair Bolsonaro não venceu em nenhum dos 223 municípios paraibanos, revelando um eleitorado majoritariamente contrário ao ex-presidente. Desde então, esse cenário pouco mudou: o apoio a Bolsonaro segue restrito a grupos minoritários, e não há sinais de crescimento real de sua influência no estado. A baixa adesão à recente aparição da ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro, em João Pessoa e em Campina Grande, prova isso.
Ao adotar o discurso e os símbolos da extrema-direita, Efraim se afasta de possíveis aliados estratégicos, como o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), que também faz oposição ao atual governo estadual, mas mantém alinhamento com o presidente Lula. Agora, com a escalada dos acenos à base bolsonarista, a distância política entre os dois parece irreversível.
Além disso, há uma questão prática: parte expressiva dos eleitores de ambos não admite alianças com figuras associadas aos extremos. Uma chapa que reúna Veneziano e Efraim, hoje, parece politicamente improvável e eleitoralmente contraditória.
Ao embarcar de vez na agenda bolsonarista, Efraim pode até conquistar espaço entre os aliados de Bolsonaro, mas corre o risco de perder apoio no eleitorado mais moderado e rejeitar alianças com líderes que têm histórico de protagonismo político no estado.
Com a disputa de 2026 ainda em fase de articulações, a aposta do senador no bolsonarismo parece, por enquanto, um movimento de alto risco em um território onde essa bandeira nunca encontrou solo fértil.