Por mais que o discurso ainda seja de cautela, o deputado estadual Tovar Correia Lima (PSDB) já deixou claro o que pretende: disputar a Prefeitura de Campina Grande em 2028. E ao fazer isso, sinaliza também algo que o eleitor precisa considerar desde já — se buscar a reeleição para a Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) em 2026, ele exercerá, no máximo, um terço do mandato.
O próprio Tovar confirmou, em entrevista nesta segunda-feira (06) que será candidato a prefeito de Campina. Mais do que isso: fez questão de cobrar “reciprocidade” dos aliados históricos Romero Rodrigues e Bruno Cunha Lima, numa movimentação clara de reposicionamento político. “Agora chegou a hora de lá em 28, vai demorar, não está no momento ainda, eu sei disso, para que a gente possa cobrar essa reciprocidade. Não é nem cobrar, que ela virá, para ser corrigido, inclusive na minha própria afirmação. Ela virá, eu vou manter esse grupo unido”, afirmou o parlamentar.
Tovar foi eleito deputado estadual pela terceira vez consecutiva em 2022, com 23.577 votos, e hoje ocupa a função de primeiro-secretário da ALPB no biênio 2025/2026. Mas, apesar do cargo de liderança e da atuação reconhecida na Casa, seu foco já está em 2028.
A questão que se impõe é: que tipo de mandato será oferecido ao eleitor em 2026? Um compromisso de quatro anos ou uma ponte de pouco mais de um ano para alavancar uma candidatura majoritária?
É legítimo que Tovar queira ser prefeito. Tem trajetória para isso. Mas é também legítimo que o eleitor saiba, desde já, que seu voto poderá garantir um mandato que será abandonado pela metade — ou menos. E que, mais uma vez, a Assembleia poderá ser usada como trampolim por aqueles que tratam o Legislativo como etapa, não como destino.
O tempo vai dizer se a “reciprocidade” virá, como acredita Tovar. Mas o eleitor precisa decidir se, em 2026, quer um deputado para quatro anos de trabalho… ou apenas para uma pré-campanha de dois.
Por Márcia Dias