A Fazenda Carnaúba, pertencente a familiares do escritor paraibano Ariano Suassuna, localizada no município de Taperoá, foi alvo de uma investigação do Ministério da Agricultura nesta quarta-feira (10). A apuração ocorre após denúncias de comercialização de mudas de palma forrageira supostamente resistentes à cochonilha do carmim.
Referência histórica no Cariri paraibano, a Carnaúba se destaca na produção de queijos artesanais e no cultivo de palma forrageira utilizada na alimentação de rebanhos de caprinos e bovinos. Contudo, segundo os representantes da propriedade, o setor tem enfrentado dificuldades crescentes diante do que classificam como excesso de burocracia.
Em nota, os responsáveis pela fazenda afirmaram que a situação vivenciada hoje expõe um problema que afeta milhares de produtores no semiárido nordestino:
“Não estamos sugerindo desobediência, ao contrário, estamos chamando atenção para o excesso de burocracia. Nesse caso específico da comercialização de palma forrageira, é uma prática comum no Nordeste seco. Milhares de produtores, grandes e pequenos, há quase 100 anos compram e vendem palma. Avaliem cada um destes obrigados a contratar um profissional formado para ter a liberdade de poder vender sua palma. Estrangular a comercialização — seja de queijo, de palma, do que for — sob o rótulo da segurança alimentar ou sanitária não trará nem segurança nem desenvolvimento; trará atraso. Somos parceiros de várias instituições municipais, estaduais e federais, inclusive o próprio MAPA, através da EMBRAPA, com quem tivemos vários trabalhos. Nossa fala não é contra nenhuma instituição; ao contrário, elas são fundamentais no desenvolvimento do país. Nossa crítica é contra processos que foram criados travando o desenvolvimento da região. Contra isso gritaremos sempre”, declararam.
Os representantes destacam ainda que, diante de tantas exigências, produtores precisam dividir o tempo entre atividades rurais e demandas administrativas envolvendo advogados, fiscais, despachantes, contadores, taxas e regulamentações. Segundo eles, o ambiente atual pode desestimular pequenos e médios produtores, comprometendo a continuidade de atividades tradicionais da região.
Apesar das críticas, a fazenda reiterou que sempre manteve diálogo e parcerias com órgãos públicos em diferentes esferas, reforçando que o objetivo é chamar atenção para entraves que, segundo eles, prejudicam o desenvolvimento do Cariri paraibano.
De Olho no Cariri
Com Blog do Bruno Lira


