O que era para ser apenas mais um verão inesquecível entre meninas cristãs, natureza e brincadeiras virou tragédia. E todos nós, mesmo distantes, sentimos a dor como se fosse em nossa própria casa.
O nome do lugar? Camp Mystic — um acampamento cristão para meninas, fundado em 1926, à beira do rio Guadalupe, em Hunt, no coração serrano do Texas. Um espaço que, há quase um século, vem unindo:
• alegria juvenil ao ar livre,
• espírito esportivo,
• amizades profundas
• e, acima de tudo, formação espiritual com base na fé cristã.
Mas é importante esclarecer: o Camp Mystic não pertence a nenhuma denominação específica. Ele não é católico, nem batista, nem presbiteriano. É um acampamento cristão não denominacional — aberto a meninas de diversas tradições cristãs, que ali encontram um ambiente seguro, saudável e espiritualmente formativo.
O legado de fé de Dick Eastland
O acampamento era dirigido por um homem que se tornou símbolo de coragem e amor: Richard “Dick” Eastland, membro da Primeira Igreja Metodista Unida de Kerrville. Ele e sua esposa, Tweety, estavam à frente do Camp Mystic desde 1974, dando continuidade a um legado familiar de fé, serviço e dedicação à juventude.
Mas, na noite da tragédia, Dick fez mais do que dirigir um acampamento. Ele se lançou às águas tentando salvar vidas — tentando alcançar meninas que estavam sendo levadas pela correnteza. Morreu como viveu: com os olhos firmes em Deus e os braços estendidos ao próximo. Um verdadeiro ato de amor.
Espiritualidade viva, sem rótulos
O Camp Mystic não impõe rituais, nem exige rótulos. É um espaço onde a fé cristã é vivida com simplicidade e profundidade:
• com orações sinceras,
• devocionais com base na Bíblia,
• e momentos de reflexão que alimentam a alma.
Lá, não há sacramentos católicos nem cultos evangélicos no formato tradicional. Mas há algo talvez ainda mais valioso: uma formação espiritual centrada em Cristo, que fala à consciência, ao coração e ao caráter.
Por isso, tantas famílias — cristãs de diferentes denominações — escolhem esse lugar, ano após ano.
Um luto que nos iguala e nos abraça
Hoje, não importa se você é protestante, católico, evangélico, pentecostal ou apenas alguém que crê no bem. O que nos une é a dor. Crianças partiram. Pais choram. Os céus do Texas continuam nublados — e não apenas por causa do clima.
Mas eu creio que a mesma fé que sustentava aquelas meninas em suas manhãs de louvor, que inspirava Dick em sua liderança silenciosa e que unia corações naquele vale… também é capaz de consolar agora.
Que os braços eternos de Deus abracem cada mãe, cada pai, cada vida afetada.
E que a esperança — sim, a esperança — volte a visitar aquele vale.
Com o coração enlutado, mas com fé inabalável,
Elcio Nunes
Cidadão Brasileiro – e irmão na dor e na fé