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O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, afirmou que não há motivo para evitar o diálogo com os Estados Unidos se Washington parar de insistir que seu país abandone as armas nucleares, mas que ele jamais abrirá mão do arsenal nuclear para se livrar das sanções, informou a KCNA, mídia estatal do país, nesta segunda-feira (22).
Em um discurso na Assembleia Popular Suprema no domingo (21), Kim disse: “Pessoalmente, ainda tenho boas lembranças do presidente dos EUA (Donald) Trump”, segundo a emissora.
Os dois líderes se encontraram três vezes durante a primeira presidência de Trump.
Os comentários ocorrem em um momento em que o novo governo liberal em Seul insta Trump a assumir a liderança na reabertura do diálogo com Kim, seis anos após todas as negociações de paz com Pyongyang fracassarem devido a um conflito sobre sanções e desmantelamento nuclear.
“Se os Estados Unidos abandonarem a obsessão absurda de nos desnuclearizar e aceitarem a realidade, e quiserem uma coexistência pacífica genuína, não há razão para não nos sentarmos com os Estados Unidos”, declarou Kim, conforme a citação.
Era uma questão de sobrevivência para o país construir armas nucleares para salvaguardar sua segurança contra graves ameaças dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, disse Kim, listando uma série de exercícios militares regulares dos aliados que, segundo ele, evoluíram para uma guerra nuclear.
Segundo ele, as recentes propostas de diálogo de Washington e Seul são hipócritas porque a intenção fundamental de enfraquecer o Norte e destruir seu regime permanece inalterada. Acrescentando que uma proposta gradual do Sul para encerrar os programas nucleares do Norte era prova disso.
“O mundo já sabe muito bem o que os Estados Unidos fazem depois de obrigar um país a abrir mão de suas armas nucleares e se desarmar”, afirmou o líder. “Nunca abriremos mão de nossas armas nucleares.”
“Nunca haverá, e nunca haverá por toda a eternidade, qualquer negociação com inimigos para a troca de algumas coisas por alguma obsessão em suspender sanções.”
As sanções foram “uma experiência de aprendizado” e tornaram seu país mais forte e resiliente, declarou ele.
A Coreia do Norte tem sido alvo de uma série de resoluções do Conselho de Segurança da ONU que impõem sanções econômicas e embargos de armas, o que reduziu o financiamento para o desenvolvimento militar, mas continuou a avançar na construção de armas nucleares e poderosos mísseis balísticos.
O presidente sul-coreano, Lee Jae Myung, disse em entrevista à agência de notícias Reuters que essas sanções não conseguiram deter o Norte, que hoje adiciona armas nucleares maciças, de 15 a 20, ao seu arsenal a cada ano.
“A realidade é que a abordagem anterior de sanções e pressão não resolveu o problema; pelo contrário, o agravou”, afirmou Lee.
O presidente fez propostas de paz desde que assumiu o cargo em junho, pontuando que o diálogo com Pyongyang era necessário, e propôs medidas para construir confiança e, eventualmente, encerrar o programa nuclear norte-coreano.
Lee disse à Reuters que existem obstáculos formidáveis para reabrir o diálogo com a Coreia do Norte, mas que ele ainda acredita que a abordagem gradual para o desmantelamento do programa nuclear de Pyongyang é a opção realista.
Era necessário criar as condições certas para trazer a Coreia do Norte de volta à mesa de negociações, e Trump tem um papel fundamental a desempenhar nesses esforços, ressaltou o sul-coreano.
CNN BRASIL