Na visão prática de muitos analistas e também na minha, o que os Estados Unidos realmente aguardam é uma rendição espontânea de Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, juntamente com seu círculo mais próximo. Espera-se que ele deixe o país e busque refúgio em alguma nação disposta a recebê-lo, como Turquia, China ou Rússia. Em qualquer uma delas, poderia se esconder com os milhões de dólares que certamente levaria, recursos que pertencem ao povo venezuelano tão sofrido.
Uma saída pacífica de Maduro seria confortável para Washington, pois evitaria destruição, conflitos diretos e um derramamento de sangue que poderia ocorrer em uma eventual invasão terrestre. Creio, sinceramente, que muitos venezuelanos, dentro e fora do país, agradeceriam a Deus por um desfecho assim.
Os Estados Unidos sustentam que a grande ameaça naquela região é o narcotráfico e as organizações criminosas que se espalharam não apenas pela Venezuela, mas também por países vizinhos. Concordo que este é um fator real. Contudo, também percebo outra motivação: a tentativa americana de enfraquecer o bloco socialista que ganhou força nos últimos 30 anos em toda a América Latina e Central, propagando ideologias socialistas comunistas que, onde se instalam, trazem consigo pobreza e opressão. Venezuela, Nicarágua, Cuba e, em menor grau, Colômbia se tornaram pontos centrais dessa disputa de poder.
Nos países que terão eleições presidenciais no próximo ano, como Brasil e Colômbia, os Estados Unidos certamente observarão atentamente. A luta contra o narcotráfico é verdadeira, mas também é fato que Washington busca conter o avanço da esquerda radical e, sobretudo, a influência silenciosa da China, que avança estrategicamente no continente.
Elcio Nunes
Cidadão Brasileiro


