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    Economia

    Louceiras do Talhado: a tradição que une gerações, gera renda e impulsiona empreendedorismo e desenvolvimento na Paraíba

    adminPor admin10 de maio de 2025Nenhum comentário19 minutos de leitura26 Visualizações
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     A arte é milenar. Atravessa gerações. Passa de pais para filhos. Rompe a barreira do tempo, preserva tradições e ao longo dos anos, se transformou em fonte de renda para famílias de toda uma comunidade. Há cerca de oito mil anos, os primeiros oleiros deram início a essa jornada, desempenhando um papel crucial no desenvolvimento da humanidade.

    Os primeiros oleiros aprenderam a moldar o barro com habilidade, criando não apenas utensílios, mas também obras de arte que resistiram ao teste do tempo. Há séculos, as mãos hábeis dos ceramistas criam objetos que encantam pelo design e utilidade. Através dessa nobre tradição artesanal, a cerâmica permanece viva, evoluindo em formas cada vez mais criativas.

    Na Paraíba, o trabalho das louceiras há anos se tornou fonte de renda. O barro, tido como “ouro preto e vermelho” já movimenta toda uma cadeia produtiva, e tem mudado realidades e gerado perspectivas e bons negócios, ultrapassando inclusive, as fronteiras da região.

    As peças feitas de forma artesanal a partir da extração do barro de forma orgânica são consideradas as melhores louças do Brasil, não só pelo produto em si, mas também pela história da comunidade, de luta, resistência, sobrevivência e trabalho.

    Maria das Neves Paiva – artesã de Itabaiana-PB

    O PB Agora conheceu o trabalho de alguns desses artesãos e artesãs que, com mãos de artistas, habilidade e criatividade, transformam barro em obras de arte, e peças em fontes de renda. No estado são cerca de 5 mil louceiras que trabalham com o barro e tem na produção das peças a principal fonte de renda. Muitas se uniram em cooperativas, criaram pequenos negócios e se tornaram empreendedoras.

    Uma dessas artesãs que extrai do solo a riqueza sem degradar o meio ambiente é Maria das Neves Paiva, 70 anos, conhecida popularmente como Nevinha das Cerâmicas. Ela, ao lado do seu esposo, o artesão Antônio Teixeira de Paiva, 73 anos, trabalha com cerâmica já há 50 anos.

    Nascida e criada no município de Itabaiana, terra do cantor, compositor, acordeonista, violonista, Severino Dias de Oliveira, mais conhecido como Sivuca, Dona Nevinha moldou os desafios que encontrou ao longo dos anos em uma trajetória de sucesso como empreendedora. Hoje, a empreendedora é reconhecida internacionalmente por sua cerâmica preta. A produção 100% natural e original, abastece importantes redes de restaurantes do pais e até do exterior.

    O PB Agora visitou esta semana a casa da artesã e conheceu detalhes de sua arte e do orgulho que tem em produzir as peças conhecidas em diversos países. Logo na entrada principal da casa, na rua 13 de Maio, no centro da cidade, as peças estão a vista. Ela contou que inicialmente produzia as peças com a queima tradicional usando o barro vermelho, até que um dia, errou ao colocar as peças no forno e o material saiu preto. Era o início de um novo momento na vida de dona Nevinha e seu Tôta.

    As peças talhadas com mãos de artistas por seu Antônio Teixeira, e acabadas com a arte e a criatividade de dona Nevinha, respeitam o meio ambiente e estão em sintonia com a proposta da COP 30. Ela garante que não agride o meio ambiente e só usa madeira legal e em pouca quantidade.

    Inicialmente o casal fazia a queima tradicional, até o erro no forno na temperatura de 700°C graus, quando tudo mudou.

    “Eu lembro que a gente errou o forno e as peças saíram pretas. E desse preto, a gente foi ver onde errou e terminamos acertando. Foi um erro que deu certo. Hoje eu só trabalho com as minhas peças 100% natural preto, que é barro que vai para o fogo, forno e para o micro-ondas”, revelou.

    A lenha usada no forno é algaroba e apenas uma vez por mês. A temperatura é alta o que torna as peças resistentes. Nevinha da Cerâmica relatou que começou a trabalhar no comércio local com as peças decorativas, mas devido a queda das vendas, mudou a estratégia e a logística e hoje trabalha com as peças utilitárias fornecidas principalmente em grande quantidade para restaurantes.

    Símbolo de perseverança e resistência, a artesão teve a sua vida transformada e mudou de rumo aos 18 anos, quando conheceu o marido, Antônio Teixeira de Paiva. Foi ele, um habilidoso artesão de Itabaiana, o responsável por apresentá-la ao universo da cerâmica.

    Com um casal de filhos que seguiu outro rumo, a artesã é uma figura admirada não só por sua arte, mas por seu papel como empreendedora. Sua história de superação e resistência, inspira outras mulheres e jovens a seguirem seus sonhos, mostrando que é possível mudar e moldar o rumo de uma história com paciência e dedicação em algo belo, assim como quem transforma o barro em arte. Seu trabalho transcende a produção de cerâmica. O trabalho requer tempo e paciência.

     ”É um trabalho que tem que ter paciência. Uma peça pode ser feita em até cinco minutos. Depois de pronta, a peça vai para um cantinho, ainda molinha para depois receber o acabamento. Após essa etapa, é preciso esperar mais um dia para fazer o polimento. Depois a panela vai para a secagem, manuseamos cada peça de barro de seis a oito vezes até que ela esteja pronta para ser entregue ao cliente. Uma peça leva, em média, cinco dias para ficar pronta. A queima, nós realizamos uma vez por mês” descreveu.

    As peças de Dona Maria das Neves, fabricadas nos diversos tamanhos e variedades, custam entre  R$20 a R$ 250 e são muito procuradas.

    Graças a essa percepção e senso de oportunidade, as peças de cerâmica (barro) fabricadas pelo casal, com a colaboração de mais cinco pessoas, ganharam o mundo. Mais recentemente, mais um contêiner com suas panelas de barro foi enviado para uma rede de restaurantes do Reino Unido.

    “Nos temos peças na Europa, Dubai, Reino Unido e vários estados do Brasil” , contou.

    Ela conta que há dois anos envia uma grande quantidade de peças para a Inglaterra. Para isso, passa cerca de seis meses apenas produzindo as peças a serem enviadas para apenas uma rede de restaurantes latino-americanos, situada no Reino Unido. A produção para o mercado inglês gira em torno das 7 mil peças. Nesse período chega a contratar cinco pessoas para dar conta da produção.

    O talento ganhou notoriedade graças ao Programa do Artesanato Paraibano (PAP) e de instituições como o Sebrae. Todos os anos ela é presença certa no Salão de Artesanato da Paraíba.

    Com orgulho indisfarçável, ela conta que já participou de todos os Salões de Artesanato da Paraíba que este ano chega a 40º edição, e é grata ao Sebrae e ao PAP por dar visibilidade ao seu trabalho.

    Para ela, o Sebrae e o PAP são parceiros imprescindíveis, visto que além de estimular o empreendedorismo, ainda valoriza os artesãos do estado.

    “Eu tenho muito a agradecer ao Programa do Artesanato e ao Sebrae, por dar a oportunidade de a gente expor o trabalho da gente, que é uma vitrine. Acredito que por esse incentivo é que a gente não tem dado  vencimento com tantas encomendas”, reconheceu.

    Com olhar empreendedor, ela ressalta a importância da realização dos Salões do Artesanato Paraibano na divulgação do seu trabalho e de tantos outros artesãos.

    A gestora do PAP, Marielza Rodriguez, destacou que o sucesso do trabalho de dona Nevinha é um bom exemplo de como o artesanato é cultura, mas também é muito importante como segmento econômico. Para ela, Dona Nevinha é a prova incontestável dessa crença.

    Criatividade, persistência para atender os anseios de clientes de renome internacional é uma tarefa que exige qualidade e muito profissionalismo, características que não faltam no trabalho de dona Nevinha, garante o analista técnico do Sebrae/PB, Jucieux Palmeira.

    No torno do oleiro de Itabaiana

    O torno de oleiro, popularizado pela cena icônica do filme “Gost, Do outro lado da Vida”, é o instrumento inseparável há 50 anos do ceramista Antônio Teixeira de Paiva. Praticamente, todos os dias ele é visto em sua oficina na rua principal de Itabaiana, fabricando as peças que logo ganham o acabamento da esposa Nevinha e abastecem importantes mercados. A produção é 100% artesanal.
     
    Por mês,  Antônio Ferreira chega a fabricar, através da modelagem manual, cerca de 400 peças, entre panelas e jarros e outros pelas utilitárias. Sempre com um rádio ao lado, tocando as músicas preferidas, seu Tôta molda as peças com  habilidade e paciência. Os gestos se repetem ao longo do trabalho. Coloca a argila no centro do torno e com as mãos vai modelando enquanto o dispositivo manual vai girando criando a forma desejada pelo artesão. Seu Tôta chega a produzir uma peça entre 5 e 10 minutos dependendo do tamanho.

    Antônio Ferreira, o seu Tôta

    “No começo eu trabalhava numa cerâmica com marceneiro. Ainda criança já fazia grade para embalar o material. Ele achava bonita a profissão. Eu trabalhava de dia e de noite e ia praticar para aprender. Passei 5 anos para aprender o básico. Hoje eu faço de tudo, porque eu procurei me aperfeiçoar para sempre fazer o melhor. É uma das profissões mais antigas que existem na face da terra “, contou.

    Seu Tôta garante que é realizado com essa arte, mas ressaltou que o trabalho requer principalmente paciência, equilíbrio e habilidade na produção das peças.

    Enquanto o seu Tota molda a peça, dona Nevinha garante que a parte mais complicada da produção são os detalhes do acabamento que também exige tempo e paciência. Muitas vezes uma mesma peça é refeita várias vezes até ficar no ponto para atender o gosto exigente do cliente.

    “Você não tem noção do tempo que a gente gasta no acabamento. Tem que ter muita paciência” disse.

    Louceiras de Serra Branca enveredar pelo empreendedorismo e preservam tradição

    Empreender tem que ter criatividade, ousadia, perspicácia e percepção de mercado. Trabalhando de forma associativa, os ceramistas de Serra Branca, no Cariri paraibano, reencontram na fabricação de peças de barro uma alternativa de renda.

    O trabalho das louceiras da comunidade quilombola localizada no Sítio Lagoinha, zona rural da cidade, ajudou não apenas a garantir uma renda na comunidade, mas resgatar uma tradição que estava desaparecendo. O declínio econômico e social parecia inevitável, conforme contou ao PB Agora a artesã Maria da Conceição e a saída foi partir para criatividade e enveredar pelo empreendedorismo.

    Em meio a uma grande quantidade de panelas e outras peças, ela revelou que recuperar a prática da atividade e a estima das ceramistas, foi um desafio. Isso porque houve resistência da comunidade para perceber que a atividade poderia gerar desenvolvimento local sustentável a partir do artesanato.

    Maria da Conceição cultivou a arte de fazer panela de barro com a sua mãe Santana Ferreira Mota que completa este ano completou 99 anos. São seis irmãs que trabalham com a arte, cujo principal segredo segundo Maria da Conceição, está na preparação do barro. Ela herdou a arte de sua mãe, que já aprendeu com a avó.

    “Minha mãe é uma guerreira. Ela tem 99 anos. Vendia as peças nas feiras livres do Cariri. Hoje, a gente está dando continuidade ao seu trabalho. Já foi inclusive homenageada” destacou Conceição.

     O processo tem várias etapas, começando desde a extração do barro, a peneiração, até a fabricação, acabamento e queima das peças.
     
    A artesã garante que os turistas gostam das panelas de barros, devido a comida ficar mais saborosa e saudável. No entanto, essa falta de assimilação não impediu a busca pela reativação da tradição da cerâmica”, lembra Maria da Conceição que também faz parte da Associação dos Artesãos do Cariri Ocidental.

    Maria da Conceição – artesã de Serra Branca-PB

    Sobre a retomada da atividade, Maria da Conceição atribui a união das artesãs ao apoio do Programa de Artesanato Paraibano e ao Sebrae.

    “Foi um grande apoio que ajudou a manter a nossa tradição e nossa herança cultural. O Sebrae incentivou as artesãs a trabalhar em grupo. E deu certo “, conta.

    Nos últimos anos, as ceramistas da comunidade quilombola  passaram a criar peças artísticas, o que aumentou as venda das cerâmicas, e ajudou muitas mulheres da comunidade a realizar sonhos como colocar os filhos na universidade.

    As ceramista, conforme enfatizou Maria da Conceição, foram estimuladas a investir no associativismo para mostrar que juntas e organizadas poderiam tornar a atividade reconhecida e gerar renda. A Associação que começou com apenas quatro ceramistas conta, hoje, com 22. Além disso, as crianças estão aprendendo desde cedo a arte de fabricar as tradicionais panelas de barro e também outras peças decorativas, como bonecas, animais e imagens.

    Maria José Rodrigues  é outra ceramista do Quilombo Ligeiro de Cima, também em Serra Branca, que viu na atividade uma forma de empreender e ao mesmo tempo, manter uma tradição. Ela começou nesse ofício ainda criança ajudando a sua mãe Maria Feitosa a  fazer panelas e jarros de barro. É uma das mais antigas louceiras ainda vivas na região.

    O barro que ajudou as louceiras de Serra Branca a enveredar pelo caminho do empreendedorismo é o mesmo que impulsionou a economia e os pequenos negócios das mulheres Louceiras de Chã da Pia, uma típica comunidade rural tradicional, localizada no município de Areia, Paraíba. Essas artesãs empreendedoras têm uma história de resistência à cultura ancestral.

    Com herança quilombola, Chã da Pia é composta de aproximadamente 40 artesãs que produzem cerâmica utilitárias, como panelas, potes, fogareiros e outros utensílios domésticos. A atividade é realizada principalmente por mulheres com técnicas artesanais adquiridas de seus ancestrais, essas ceramistas são guardiãs de tradição multimilenar. Sentadas no chão, usando apenas as mãos e um caco de cerâmica, produzem objetos de argila de diversos tamanhos e para diferentes usos.

    Ao PB Agora, a louceira Marizete Evaristo da Silva deu detalhes da arte e como ela e as demais artesãos decidiram tornar a produção uma fonte de renda, criando um pequeno mas lucrativo negócio. Marizete conta que antes costumava vender as peças sem muitas em feiras, mas depois expandiram as vendas e se tornaram empreendedoras. Mais uma vez o Sebrae e o Programa de Artesanato Paraibano foram decisivos para estimular as artesãs empreendedoras.

    Marizete Evaristo – artesã da comunidade quilombola Chã da Pia

    Marizete Evaristo trabalha com a arte de fabricar panelas de barro, jarros, tigelas, potes, fogareiro, desde os 9 anos, tendo herdado o talento de sua mãe. Ela garante que não tem muito segredo em fabricar peças com qualidade, mas o trabalho requer paciência para fazer toda limpeza da matéria-prima.

    “Esse é um trabalho que aprendemos com nossos avôs. Começou com a minha avó, e depois passou para a minha mãe, e ela repassou para mim. E eu pretendo passar para as minhas filhas” contou.

    A produção de cada uma dessas peças constitui uma prática ancestral da comunidade e representa uma importante via de expressão cultural. A transmissão dos saberes relativos à arte do barro, praticados pelas louceiras, durante a produção de louça e utensílios de barro, tem se dado ao longo das várias gerações, e o estilo das peças imprimem em si a assinatura daquelas que as fazem.

    Louceiras de Santa Luzia resgatam tradição quilombola

    Tradição, resistência e empreendedorismo. Há 40 anos atrás, a artesã Rita Maria, mais conhecida como Rita Preta, aos 80 anos, já tinha uma visão empreendedora na Comunidade do Talhado, zona rural de Santa Luzia, no Sertão da Paraíba. Na época, ela queria não apenas manter uma tradição que herdou dos seus antepassados, mas criar um meio de sobrevivência para os membros da comunidade que iriam suceder o seu trabalho. Deu certo.

    O trabalho iniciado pela louceira descendente de africanos, já falecida, prosperou e o seu legado não ficou esquecido, sendo perpetuado pelas mãos hábeis de sua neta Gileide Ferreira. Trata-se de uma tradição passada de geração de mães para filhas, netas, sobrinhas e noras.

    Gileide Ferreira reuniu um grupo de mulheres e formou uma Associação para, unidas, aumentar a produção das peças de barros. O trabalho, feito com muita paciência e de forma artesanal, requer tempo. Com “espírito” empreendedor de “Rita Preta” elas criaram um negócio próprio e passaram a vender as peças em feiras, eventos e Salões de artesanato.

    Esta semana, Gileide Ferreira recebeu a equipe do PB Agora para falar do ofício herdado de sua mãe Rita Preta e depois por sua mãe, Maria Rita. A emoção e o orgulho eram perceptíveis em suas palavras.

     “Há 40 anos atrás a minha avó já tinha uma visão empreendedora. Minha avó foi uma grande mulher e uma grande guerreira. Ela queria que a gente desse continuidade ao seu trabalho e mantivesse a tradição. Hoje somos 20 mulheres que trabalham fabricando panelas de barro e outras peças “, descreveu.

    As louceiras empreendedoras produzem principalmente peças decorativas, mantendo a tradição. Cada peça, cada panela, ponte, feitos de forma minuciosa pelas artesãs da Comunidade do Talhado, traz a marca do povo negro de Santa Luzia, da cultura negra, do movimento negro, da arte negra e da história de uma cidade, muitas vezes esquecida e silenciada.

    Gileide Ferreira contou que para manter a tradição, as mulheres de Serra do Talhado exercem o ofício de produzir peças de uso doméstico e passam toda a semana na confecção e comercialização de seus produtos.

    A produção de cerâmica, um dos símbolos da cultura do Talhado, tem reflexos sociais e econômicos. Gileide Ferreira explicou que, embora a comunidade esteja em área urbana, tem a proposta de preservar a cultura que foi passada de geração em geração. E, para a artesã, as mulheres da Serra do Talhado têm um papel importante nesse processo de fortalecimento, em especial a irmã dela, Maria do Céu, e a avó, Rita Preta.

    “Elas foram uma referência muito grande para hoje existir esse quilombo. Vem tudo delas duas, por isso que a luta continua. E eu não quero deixar essa cultura acabar”, afirmou.

    Atualmente elas dispõem de um galpão que serve como oficina para produção, venda e armazenamento para suas mercadorias localizado no bairro São José, na cidade de Santa Luzia. Entre as peças produzidas estão panelas, pratos, potes, tigelas, chaleiras, jarros, cofres, travessas, além de oratórios para imagens de santos.

    O barro usado como matéria prima é retirado de um sítio  da região e seu procedimento consiste na produção da cerâmica,  sendo considerada uma atividade tradicionalmente feminina.

    Reconhecida pela Fundação Palmares como comunidade remanescente quilombola após uma avaliação histórica e cultural da região, a comunidade urbana de Santa Luzia surgiu a partir da rural, quando as mulheres artesãs passaram a vender as peças de barro para facilitar na renda,  nascendo assim, a Associação de Louceiras Negras da Serra do Talhado.

     Apesar das dificuldades, as louceiras  valorizam e se orgulham de suas obras, já que o artesanato de cerâmica tem se tornado um símbolo das mulheres de Serra do Talhado.

    Arte de louceiras do Sertão da Paraíba inspirou Lei
     
    Reconhecidas como Patrimônio Imaterial da Paraíba, as louceiras de Cajazeiras são um símbolo de resistência cultural e de inovação. Aliando tradição e inovação, as peças de cerâmica produzidas pelas louceiras de Cajazeiras têm um grande valor agregado. Neste ano de 2025, elas foram destaques na 39ª edição do Salão do Artesanato Paraibano, e devem marcar presença na 40ª edição do evento, que acontece em junho em Campina Grande.

    No bairro de São José, na zona norte de Cajazeiras, no Sertão da Paraíba, o grupo Louceiras de Cajazeiras produz peças a partir do barro. O trabalho é liderado pela artesã Lourdes Souza, que preside a Associação das Louceiras do Bairro São José. Ela destacou que a técnica de cerâmica bordada foi aplicada, inicialmente, a utensílios simples, como pratos e panelas, logo evoluindo para a confecção de peças decorativas e utilitárias contemporâneas.

    As louceiras de Cajazeiras são um grupo de artesãs do município de Cajazeiras, no Alto Sertão paraibano, com uma tradição de mais de 50 anos na produção de cerâmica artesanal. Elas são responsáveis pela preservação e inovação da técnica de cerâmica bordada, um processo que combina a ancestralidade do trabalho em barro com a aplicação de bordados que retratam flores do sertão e outras iconografias locais.

    No  Quilombo Os Rufinos, localizado no Sítio São João, zona rural de Pombal, no Sertão paraibano, as peças de barro também viram arte e geram oportunidades. O artesão, José Nilson da Silva, relatou que a comunidade desenvolve um artesanato decorativo e utilitário, segundo ele, uma geração inteira que resistiu à passagem do tempo e preservou suas raízes.

    José Nilson da Silva – artesão do Quilombo Os Rulfinos de Pombal

    Com larga experiência na arte de fazer panelas, José Nilson revelou que trabalha como ceramista desde os 8 anos, tendo aprendido o ofício com a sua mãe.
    “Na comunidade são 12 pessoas que trabalham com cerâmica” contou. Segundo ele, o principal trabalho na fabricação das peças é no preparo do barro que precisa ser bem tratado para ficar no ponto. Financeiramente, ele garante que compensa. O preço das peças variam entre R$ 10, até R$ 500, o valor do pote bem mais trabalhado.

    Analista do Sebrae, Jucieux Palmeira destacou ao PB Agora que o trabalho das louceiras tem um papel relevante na Paraíba, principalmente por enriquecer o Salão de Artesanato e movimentar a economia, não só pelo valor de cada peça, mas pela relevância cultural.

    A cerâmica, especificamente, os trabalhos das louceiras, segundo ele, carrega saberes com grande ancestralidade que transcendem o tempo, com técnica tradicional antiga que já criou uma identidade da Paraíba. Ele observou o talento dos artesãos e artesãs em transformar o barro em uma arte rica de valor cultural.

    “A cerâmica tem um valor muito grande e uma identidade muito forte com a Paraíba” , enfatizou.

    Jucieux Palmeira destacou que o Sebrae e o Programa de Artesanato da Paraíba tem um histórico de trabalho junto aos ceramistas, sempre procurando valorizar e reconhecer esse trabalho, o que tem impulsionado as vendas principalmente nos Salões de Artesanato. Além de abrir espaço no Salão de Artesanato, também realiza capacitações com os artesãos para aperfeiçoar as técnicas e as exigências do mercado. Ele acrescentou que uma das finalidades das consultorias, é estimular os ceramistas e ter o cuidado com o meio ambiente.

    Como resultado dessas consultorias do Sebrae, Jucieux Palmeira garante que as peças produzidas hoje por esses artesãos de toda Paraíba tem qualidade e por isso, atraem os olhares dos turistas e clientes do Brasil e até do exterior.

    Com mãos talentosas, espírito de empreendedoras e o desejo de construir sempre novas histórias, as louceiras da Paraíba mantém a tradição que atravessa décadas, principalmente nas comunidades remanescentes africanos, e ainda movimentam a economia do Estado. A arte que passa de geração para geração e ultrapassa as gerações segue como símbolo de resistência, luta e valorização cultural de um povo.

    Texto e fotos: Severino Lopes
    PB Agora 

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