A Paraíba encerra 2025 diante de um sinal vermelho financeiro: 1,3 milhão de adultos inadimplentes, o equivalente a 44,08% da população estadual. Os números, divulgados pela Serasa em novembro, escancaram um problema estrutural que atinge o bolso das famílias e o fôlego da economia. Ao todo, os paraibanos somam cerca de R$ 7,5 bilhões em dívidas. O pagamento do 13º salário, que injetou R$ 3,72 bilhões na economia e representa 3,7% do PIB estadual, não foi suficiente para reverter o quadro. Pelo contrário. Mais de 80% das pessoas declararam a intenção de usar o recurso, prioritariamente, para quitar dívidas, evidenciando que o impacto do benefício tem servido mais como alívio emergencial do que estímulo ao consumo.
Segundo o Dieese, a Paraíba respondeu por 1,2% do total do 13º pago no Brasil e por 7,3% da circulação no Nordeste. O montante no Estado ficou distribuído assim:
- R$ 2,2 bilhões foram destinados a trabalhadores formais (60%)
- R$ 973,7 milhões a beneficiários do INSS (26,1%)
- R$ 263,7 milhões a aposentados estaduais (7,1%)
- R$ 250,6 milhões a aposentados municipais (6,7%)
A média de recebimento por pessoa foi estimada em R$ 2.199,35.
Raízes das dívidas
O avanço da inadimplência tem motivos claros:
- Desemprego e queda de renda: 30% dos casos
- Imprevistos financeiros (25%)
- Falta de planejamento (23%)
Outras razões são: o uso excessivo de crédito, especialmente cartão e cheque especial, ampliado pelos juros altos; o endividamento por terceiros, quando consumidores emprestam nome ou cartão; e a pressão do aumento do custo de vida, que encarece itens essenciais como energia, combustíveis e alimentação. Outro fator em ascensão é o impacto das apostas esportivas online, que têm capturado atenção das instituições de crédito como elemento de risco.
As dívidas mais comuns no Estado seguem a tendência nacional:
- Cartões de crédito e bancos (27% a 28,5%)
- Contas básicas, como água e luz (20% a 21%)
No Brasil, 80,6 milhões de pessoas terminam o ano negativadas — a maior marca da série histórica pelo 11º mês seguido — com valor médio de dívida acima de R$ 6,2 mil. Mais da metade dos inadimplentes já passou pela mesma situação no passado. Apesar do alto percentual de 44% de adultos endividados, a Paraíba está cerca de 5% abaixo da média nacional e figura como o sexto estado com menor percentual de inadimplentes, conforme gráfico abaixo, da Serasa.
Renegociação de Dívidas
Fechando o ano, os mutirões de renegociação se consolidaram como uma das principais rotas de alívio. Em 2025, segundo o Procon-PB, foram firmados acordos, no estado, que somam R$ 10,3 milhões, com descontos médios superiores a 80%. Desse total, R$ 884,3 mil vieram de negociações com a Energisa e R$ 1,32 milhão com a Cagepa. O restante envolve bancos, financeiras e operadoras. As ações têm garantido respiro imediato, restauração do crédito e a reintegração de milhares de famílias ao mercado de consumo, em um ano marcado pela pressão das dívidas.
Jornal da Paraíba
