A febre das canetas emagrecedoras mudou rapidamente o cenário dos consultórios médicos — e não só dos endocrinologistas. Dermatologistas e cirurgiões plásticos já sentem os efeitos do emagrecimento acelerado, que levou a Anvisa a impor regras mais rígidas para o uso desses medicamentos.

Adriana Vilarinho e Marcelo Araújo. Foto: Colagem de Thais Barroco sobre fotos de Tiago Queiroz/Estadão e Divulgação
Segundo o cirurgião plástico Marcelo Araújo, titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, as cirurgias para melhorar o aspecto da flacidez aumentaram em 10% em decorrência do emagrecimento rápido provocado por medicamentos como Ozempic e Mounjaro. “Hoje a gente estima que em torno de 25% da perda de peso é perda muscular”, diz.
Segundo ele, o efeito é direto na flacidez do corpo e da face. “Eu reconheço a face de alguém que perdeu peso dessa forma e o problema não é do remédio especificamente. O problema da flacidez é a perda de peso rápida”. Marcelo dá a receita de ouro: “Seria ideal que a pessoa perdesse 2, 3 kg por semana, ganhando ao mesmo tempo massa muscular, trocando um pouco de gordura por massa magra. Isso mantém o tônus muscular, melhora a vascularização da pele e ajuda até no efeito pós-cirurgia”, completa.
À Coluna, a dermatologista Adriana Vilarinho conta que a procura por tratamentos para flacidez cresceu de forma consistente em suas cinco clínicas na capital. “Se compararmos com o ano passado, o uso das canetas está em alta, o que pode causar flacidez tanto facial quanto corporal”, afirma. “O fator que preocupa é realmente a perda muscular.”
Para tentar resolver o problema dos pacientes, a médica aposta em procedimentos que atuam na pele e no músculo, como bioestimuladores e tecnologias de estímulo muscular. Outro efeito frequente do uso das canetas é a queda de cabelo. Nesses casos, Adriana indica o uso de exossomos, técnica regenerativa que ajuda a reduzir a inflamação e acelerar a recuperação da pele e do couro cabeludo.


