Em seu novo trabalho, Carlos Newton Júnior reuniu uma série de frases de Ariano Suassuna. O poeta, que conviveu com o autor durante anos, traz reflexões do escritor a respeito de diversos assuntos em Lições de Realismo Esperançoso: a Sabedoria e o Riso de Ariano Suassuna (152 p., Editora Nova Fronteira, R$69,90).

Ariano Suassuna em 2011. Foto: Felipe Rau/Estadão
Da arte até a Guerra de Canudos, com passagens sobre música e Marxismo, Júnior evidencia a visão de Suassuna sobre vários assuntos, através da memória.
No decorrer do livro, o leitor é convidado a reviver momentos de nostalgia por parte de Suassuna, enquanto também passa por reflexões importantes sobre temas da sociedade. O livro traz falas de Suassuna ao longo de sua carreira para os mais diversos veículos de comunicação, algumas delas tão emblemáticas que alcançaram grande repercussão de público.

Ariano Suassuna em 1997. Foto: Julio Vilela/Estadão
Confira abaixo 15 frases marcantes de ‘Lições de Realismo Esperançoso: a Sabedoria e o Riso de Ariano Suassuna’:
“Eu sou muito contra o antirromance, essa coisa de destruir a história. Eu gosto da história com princípio, meio e fim.” Entrevista a José Augusto Guerra. Revista Cultura, Brasília nº3, 1971
“Pelo menos nas intenções, o que o escritor propõe é uma definição de contornos, uma cicatrização, uma absolvição de tudo aquilo que, na vida, é feio, chaga ou crime. Uma aceitação do mundo e da vida, através do que a Arte tem de fatal, amaldiçoado, fascinante e sagratório – a tentativa de superar a vida e atingir o Divino, pelo combate (que sabemos, de antemão, derrotado) contra o áspero, terrificante e bela divindade da Morte.” Entrevista a Ricardo Noblat, Revista Manchete, outubro de 1973
“Há uma história capitalista de que não se deve dar o peixe e sim ensinar a pescar. Se alguém chega à sua porta morrendo de fome, você vai ensiná-lo a pescar?” Entrevista a Marcelo Pereira e Mário Hélio. Jornal do Commercio, Recife, 18 de dezembro de 1994
“Eu acho que o melhor meio de transporte é o jumento, porque cavalo eu já acho alto.” Homenagem a Rachel de Queiroz, Auditório do Centro de Artes e Comunicação da UFPE, Recife, setembro de 1991
“Eu leio o Evangelho como leio a Ilíada e a Divina Comédia. Leio o profeta Daniel como leio Dante, do ponto de vista literário e sem falar no religioso.” Entrevista a André Carvalho e João Gabriel da Silva Pinto. Suplemento Literário Minas Gerais. Belo Horizonte, 7 de novembro de 1987
“Eu não tenho simpatia pelo universo burguês. Eu não simpatizo nem com o sofrimento burguês.” Entrevista a Márcio Marciano e Sérgio de Carvalho. Revista Vintém, São Paulo, Editora Hucitec, n° 2, maio/junho/julho de 1998
“Num país como o Brasil, que tem água de coco e caldo de cana, só com muita propaganda pode-se convencer alguém a tomar uma Coca-Cola.” Recolha oral
“O coração do Brasil é o Nordeste.” Entrevista a Carlos Peixoto. Tribuna do Norte, Natal, 13 de março de 1994
“Deus, para mim, é uma necessidade. Se eu não acreditasse em Deus, era um desesperado.” Recolha oral
“Os brasileiros de compreensão e caráter menos elevados estão satisfeitos e sem remorsos, absolutamente de acordo com a situação e subornados por seus carros, suas piscinas, seus apartamentos, seus salários, suas rendas, seus empregados ou seus títulos universitários.” Aula Magna na Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa: Editora da UFPB, 1994, p. 46. Proferida em 16 de novembro de 1992
“Quem, na sua visão do social, coloca a ênfase na justiça, é de esquerda. Quem a coloca na eficácia e no lucro, é de direita.” Esquerda e direita. Folha de S. Paulo, 14 de setembro de 1999
“Dizem que o rock é uma música universal. Isso não existe. Os sons universais que eu conheço são o espirro, o arroto e outros piores.” Recolha oral
“Eu não dou a menor importância aos que pregam o isolamento do Nordeste, do mesmo jeito que não dou a menor importância ao nordestino que pregue o isolamento de São Paulo. Acho um absurdo. O que tinha que se conseguir, a unidade, já foi conseguido.” Entrevista a Nelson de Sá. Folha de S. Paulo, 2 de novembro de 1995
“O maior monumento que a imbecilidade humana produziu no campo das artes plásticas foi a Disneylândia, o oposto da Oficina de Francisco Brennand, no Brasil, ou da catedral feita por Antônio Gaudi em Barcelona, Espanha.” Entrevista a Gerson Camarotti. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 10 de julho de 1993
“Mais recentemente, os meios de comunicação têm tentado estender a popularidade do Futebol a outros jogos, como o tênis, o voleibol e outros. Em vão: somente o futebol é que verdadeiramente mobiliza a paixão do povo brasileiro.” Futebol, 1998. In: Almanaque Armorial. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008, p. 265


