Nicolás Maduro afirmou que o governo da Venezuela está desarticulando uma “ofensiva terrorista” realizada por estrangeiros, e anunciou a captura de mais de 50 mercenários no país. A revelação ocorreu na quinta-feira (23/5), dias antes das polêmicas eleições na região de Essequibo, território pertencente à Guiana.
“Tentaram trazer mercenários. Temos hoje capturados mais de 50 mercenários que estavam entrando para plantar bombas ou lançar ataques violentos ao país”, denunciou o presidente venezuelano durante o encerramento da campanha de seu partido para o pleito de domingo (25/5).
Dias antes, o regime chavista havia anunciado a detenção de 17 estrangeiros, acusados de planejar ataques junto de 21 venezuelanos. Segundo o chanceler do país, Disdado Cabello, os alvos das ações seriam embaixadas, hospitais, centros policiais e outros órgãos públicos na Venezuela. Sem provas, o ministro ainda afirmou que sequestros de familiares de funcionários do Estado também estavam sendo planejados.
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O governo venezuelano informou que os mercenários entraram no país a partir da fronteira com a Colômbia, por terra e em voos comerciais. Por isso, Caracas suspendeu todas as conexões aéreas com o país vizinho.
Desde as contestadas eleições venezuelanas no último ano, o regime Maduro tem anunciado uma série de prisões de estrangeiros, acusados de conspirar contra o governo e a estabilidade da Venezuela.
As denúncias surgem em meio a declarações de um importante líder mercenário dos EUA, que ameaçou agir contra o governo venezuelano em setembro do último ano.
Fundador da companhia Blackwater, Erik Prince liderou uma iniciativa chamada Ya Casi Venezuela (Quase lá Venezuela, em tradução livre). O objetivo da ação seria cumprir a “vontade do povo venezuelano”. Até o momento, no entanto, a campanha tem apenas arrecadado doações financeiras por meio de uma vaquinha virtual.
Eleição em Essequibo
A nova onda de prisões de estrangeiros na Venezuela ocorre dois dias antes do polêmico pleito para o território de Essequibo, onde o regime chavista pretende eleger um governador e oito deputados.
As eleições estão previstas para acontecer no estado de Bolívar, localizado na fronteira entre Venezuela e o território da Guiana, e não deve contar com eleitores de Essequibo. A previsão é que apenas eleitores venezuelanos tenham o direito de votar.
O presidente da Guiana, Irfaan Ali, declarou que o país não aceitará a eleição, e prometeu retaliação contra guianenses que apoiarem o pleito. A Comunidade do Caribe (Caricom) e a Corte Internacional de Justiça (CIJ) também se mostraram contra a votação.
Mesmo que a região seja internacionalmente reconhecida como território da Guiana, ela é alvo de ameaças constates da Venezuela, que reivindica a área. Em abril de 2024, o regime Maduro chegou a criar uma lei para anexar Essequibo, região rica em recursos naturais. Até o momento, no entanto, a legislação não teve efeitos práticos.