Foto: Fabio Menotti/PalmeirasAndreas Pereirameia do Palmeiras
As muitas provocações do Flamengo e dos torcedores rubro-negros após a conquista do tetra da Libertadores direcionadas a Andreas Pereira não fizeram com que o meio-campista do Palmeiras guardasse mágoa ou rancor do clube que defendeu por um ano, entre 2021 e 2022, disse o jogador em entrevista ao Estadão.
“Isso é coisa de torcedor. É o que vende hoje em dia. Eles sempre vão falar mal”, afirma Andreas, da Inglaterra, onde passa férias com a família. Na avaliação do jogador, é estranho que o Flamengo e seus torcedores tenham se preocupado tanto em provocá-lo.
“Tenho respeito por todos os clubes em que joguei. Nunca fui um cara que desrespeitei alguém na minha carreira, nem um clube. Se eles (Flamengo) acham isso mais importante, acham mais importante falar de mim quando ganham um título, isso demonstra a grandeza do clube (Palmeiras). Eles estão mais preocupados comigo do que em festejar a Libertadores”, acrescentou.

Andreas Pereira diz que Palmeiras fez ‘quase tudo certo’ em 2025 após vices do Brasileirão e da Libertadores Foto: Cesar Greco/Palmeiras
O Flamengo lembrou do erro de Andreas na final da Libertadores de 2021 para provocar o atleta depois de derrotar o Palmeiras na decisão em Lima, no Peru, e levar o título.
O clube “transformou” Andreas em entregador em uma publicação nas redes sociais. Foi uma alusão à falha do meio-campista no gol de Deyverson, que deu o título da Libertadores Palmeiras em 2021, quando o atleta defendia o time carioca. E escreveu: “ninguém morre nos devendo”.
Eu não fico remoendo, não tenho rancor no coração, não tenho nada. Estou no Palmeiras, o mais importante hoje é o Palmeiras. Vamos descansar, focar e ver aqui o que temos que melhorar para o ano que vem, porque em 2025 vamos atrás de grandes conquistas.
Andreas Pereira, meia do Palmeiras
Na entrevista, Andreas explicou o que deu errado para o Palmeiras na reta final da temporada, detalhou o dia a dia com Abel Ferreira, contou a posição em que se sente mais confortável no meio de campo e disse esperar um 2026 “mais estável” para o time alviverde, que terminou uma temporada sem troféu sob Abel Ferreira pela primeira vez em cinco anos.
Adaptação rápida
Estou me sentindo muito bem, a família Palmeiras me abraçou. É como se eu já estivesse no Palmeiras há muito tempo. A adaptação foi muito rápida, o grupo é muito bom, o elenco é muito bom. A presidente Leila fez de tudo para eu me sentir bem. Não esperava que eu fosse me sentir em casa tão rápido. O Abel e a comissão técnica também têm muita parte nisso.
Eu me senti muito à vontade mesmo, desde o primeiro minuto em que cheguei no CT. O Palmeiras abriu as portas para mim e nunca foi uma coisa assim que eu tivesse que ir pegando ao longo do tempo, que ir entendendo. Não, eles já falaram para mim tudo: “ó, fica à vontade, qualquer coisa pode falar com a gente’. É realmente como se eu já estivesse há muito tempo aqui.
O que faltou ao Palmeiras na reta final do Brasileirão e na final da Libertadores?
Eu peguei o final da temporada e percebi que o grupo é muito unido, que o grupo tem muitos jogadores novos, como eu mesmo, que cheguei há pouco tempo. Chegamos na reta final brigando pelos dois títulos. Acho que a gente fez 90% das coisas certo. Não é porque ficamos em segundo que está tudo errado, que tem que mudar tudo. Acho que isso é uma coisa que é mais a mídia que coloca lá fora. Fizemos 90% certo. Na final, sabemos que não jogamos bem o suficiente. É uma responsabilidade nossa, temos que encarar isso como uma motivação. Faltaram os 10%, precisamos ajustar detalhes, talvez sermos mais calmos numa decisão, termos mais consistência no campeonato. Temos que aprender com os erros para não acontecer mais. É um elenco novo, é um grupo que está se conhecendo ainda, mas só de ficarmos juntos esse ano demonstramos que já chegamos.
Camisa 5, 8 ou meia avançado: em qual você se sente mais confortável?
Minha posição, a que eu me sinto mais confortável, é segundo volante, como um camisa 8. Mas se o Abel pedir para jogar de primeiro volante, como joguei aí esses contra a LDU, até mesmo a final (da Libertadores), eu vou jogar de primeiro volante, vou jogar onde for preciso. Só que eu me sinto mais à vontade de segundo volante, é a minha posição natural.

Andreas Pereira crê em 2026 mais estável para o Palmeiras Foto: Cesar Greco/Palmeiras
Como tem sido trabalhar com o Abel Ferreira?
Foi algo muito diferente quando eu comecei a trabalhar com ele. Já trabalhei com treinadores portugueses, com o (José) Mourinho, com Marco Silva no Fulham, então estava acostumado, vamos dizer, com um tipo de treinador português. Quando conheci o Abel agora, tive essa experiência, posso dizer que o dia a dia dele é muito bom. A conversa, o acolhimento dele de treinador com jogador é o melhor que eu já trabalhei. Ele consegue motivar todo mundo dentro de campo de um jeito impressionante. Acho que isso é o forte dele, taticamente também é muito bom, mas acho que o diferencial é que ele faz o grupo ficar muito unido e vencer por ele, sabe?
É uma coisa que eu já senti desde o primeiro momento ali. Tem muitos jogadores com quem eu joguei na Inglaterra, principalmente os brasileiros, que me perguntaram sobre ele: ‘E aí, como que ele é no dia dia?’ Quando eu falo isso todo mundo fica meio que ‘nossa eu não pensava isso dele, pensava que ia ser diferente e tal’.
Estar em evidência no Brasil ajuda a voltar para a seleção e disputar a Copa do Mundo de 2026?
Foi com esse pensamento também sim. Eu queria voltar pelo grande clube que é o Palmeiras, e também pela seleção. Sei que estando num grande clube como o Palmeiras, minha chance sempre vai ser maior. É claro, eu tenho esse foco, acho que chegando longe como a gente chegou, brigando pelos títulos, jogando as finais, jogos importantes, minha chance é maior (de voltar à seleção). Sempre estando ali nos olhos das pessoas, dos torcedores, todos percebem a minha qualidade.
O que esperar do Palmeiras em 2026?
Vamos descansar agora. Depois, vamos nos reunir e nos reerguer. Percebi muito bem que a família Palmeiras é muito unida. Tenho certeza que no ano que vem a gente vai se preparar para grandes conquistas desde o primeiro dia em que se apresentar até o último, se Deus quiser a gente vai levantar várias taças. Vai ser um ano mais estável e mais tranquilo.


