Moradores de Campo Paulista Paulista, no interior de São Paulo, organizaram uma manifestação contra o prefeito Adeildo Nogueira (PL) após ele ter chamado uma paciente com câncer de “calvinha do esquema”. O ato reuniu dezenas de mulheres na porta da Prefeitura da cidade na manhã deste sábado (25/10).
O grupo usava roupas pretas e carregava cartazes pedindo “respeito” à gestão municipal. Ao lado das manifestantes, estava Márcia Regina de Souza, de 52 anos, a paciente com câncer que foi alvo dos comentários do prefeito.
Nessa sexta-feira (24/10), a reportagem noticiou que o prefeito Adeildo gravou uma live em que se referia a mulher de forma debochada.
Além de chamá-la de “calvinha”, Adeildo disse, sem citar nomes, que estava se referindo à “grileirinha do bezerro” e à “nossa querida Boulas do Jardim Marquetti”. O local citado pelo prefeito é o bairro onde Márcia mora.
Medicamentos para quimioterapia
Márcia disse que vem travando uma batalha contra a gestão municipal para ter acesso a medicamentos para quimioterapia. Segundo ela, o prefeito debocha da sua condição de saúde e se recusa a comprar os remédios supostamente em razão de sua amizade com um vereador da oposição. Ela também trabalhou como recepcionista na antiga gestão.
“Não vejo as lives dele, mas ele citou a “calvinha”, e chegou até mim. Eu não me conformei. Ele poderia ter falado qualquer outra coisa. Me perdoa a palavra, mas ele poderia ter me chamado até de ‘vagabunda’, mas não se mexe com esse tipo de doença. É uma doença que é muito triste. Uma doença que você sabe que não tem cura”, disse Márcia..
Há três anos, médicos identificaram que Márcia tem carcinoma triplo negativo de mama, um tipo mais agressivo da doença. Durante o tratamento, ela também contraiu diabetes e, desde o início da nova gestão, tem tido dificuldade para acessar tanto a insulina quanto o anastrasol, remédio usado no tratamento do câncer.
Exames na cidade vizinha
O problema, segundo ela, atinge todos os pacientes oncológicos e diabéticos da cidade. Para fazer exames de ultrassom, por exemplo, eles precisam ir até a cidade vizinha de Jundiaí receber atendimento.
O problema já acontecia na gestão anterior, mas, segundo ela, havia uma “condescendência” da prefeitura para comprar remédios e conseguir atendimentos quando os pacientes solicitavam ou entravam com mandado de segurança na Justiça.
“Eu fui cobrar ele numa terça-feira, dizendo: ‘A gente tá precisando de oncologista’. E ele me disse: ‘Mas você fazia parte da gestão passada’. Ele não sabe separar a pessoa física do munícipe, que precisa de auxílio. Eu sempre fiz o tratamento pela rede pública e tinha pelo menos os medicamentos. A gente pedia e eles compravam, mandava buscar; Hoje a gente não tem”, diz Márcia.
Procurada, a Prefeitura Municipal esclareceu, em nota, que “em nenhum momento o prefeito fez nenhum ataque pessoal ou desrespeitou qualquer moradora da cidade”.


