Glitter se tornou tendência na decoração de bolos e tortas, mas Anvisa recomendou a proibição do consumo (Imagem Ilustrativa. Foto: Pexels)
Após recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), na última semana, sobre a utilização de polipropileno (PP) micronizado na composição de alimentos, preparados ou industrializados, confeiteiras da Paraíba suspenderam o brilho utilizado em doces. O composto proibido pelo órgão consta em rótulos de glitteres e pós decorativos.
Mas o que é o Polipropileno?
O polipropileno (PP) é um tipo de plástico termoplástico, leve e resistente, utilizado em embalagens e peças automotivas. O PP micronizado, utilizado em glitter, passa por uma moagem que deixa o produto ultrafino.
As confeiteiras entrevistadas pelo ClickPB reconhecem que o glitter faz uma grande diferença na hora de finalizar um doce ou um bolo, deixa o visual mais bonito e glamuroso. Recentemente viralizou nas redes sociais bolos com uma camada de glitter por cima para que o aniversariante soprasse ao apagar a vela, cita a gastrônoma Fernanda Diniz.
“Eu parei de usar, e não pretendo voltar até existir algo realmente comestível e seguro. Porque o visual bonito não pode valer mais do que a saúde”, afirma Brenda Morais, da Brenditos Confeitaria.
A confeiteira é enfática ao dizer que por mais que ache lindo, não dá para utilizar plástico em algo que alguém irá consumir. “Agora que sei a verdade, a responsabilidade é minha. Tem gente que não sabe diferenciar chantininho de recheio de ninho, imagine entender sobre composição de ingredientes. Então sou eu que tenho que saber o que estou colocando ali”, disse.
Impacto nas vendas após proibição do glitter
Apesar disso, as confeiteiras não acreditam que orientação da Anvisa tenha impactado nas vendas, inclusive, muitos clientes não estavam sabendo sobre a questão do glitter. Encomendas chegam e cabe às profissionais explicar situação sobre o material brilhante.
A confeiteira Márcia Cavalcanti, da Doce Amore, relatou que recebeu várias encomendas de bolos com decoração utilizando glitter nesta semana. Ela explicou para os clientes que não conheciam a informação e eles pediram para retirar decoração com brilho.
“São poucos os clientes que estão sabendo. A nossa obrigação como confeiteiro profissional é passar para o cliente o que está acontecendo e respeitar até o próximo o pronunciamento da Anvisa e também das fábricas sobre mudança no produto”, disse e complementou: “o mais importante é a transparência e a segurança do cliente”.
Márcia afirmou ainda que após determinação do órgão de vigilância foi checar os rótulos e muitos nem constam informação, apenas informam que é comestível.
Brenda Morais também chegou a receber encomenda e teve que explicar a situação — cliente não estava por dentro da proibição. A confeiteira sugeriu algumas alternativas, mas a cliente optou por trocar o modelo e escolher uma opção sem glitter.
Fernanda Diniz, formada em gastronomia e atuante na confeitaria, já andou pesquisando e observou alguns estudos para uma produção do glitter mais natural, inclusive, já chegou a ver vídeos do brilho sendo feito com açúcar. “Eu prefiro até usar o açúcar, dependendo do brigadeiro, junto com o granulado, porque eu acho que dá um brilhozinho”, explica.
Fernanda complementa ainda que a medida em que novidades vão surgindo, outras coisas acabem substituindo o glitter.
“O chantilly estava muito na moda. Agora já estão entrando mais com ganache e buttercream. As coisas vão modificando em geral”, opina.
Brenda também viu uma alternativa com glitter feito com amido de milho e pretende testar para ver se ficará semelhante. “Ver se realmente agrega beleza. A receita eu já vi que é segura”, e se teste não funcionar, ela garante que não faltarão outras opções no mercado. “Os modelos continuam sendo muitos, e sem glitter de plástico”, finaliza
O que diz a Anvisa sobre o glitter?
Segundo a determinação da Anvisa, os produtos usados para colorir bolos, doces e similares devem ser fabricados a partir de ingredientes e aditivos alimentares. Glitteres e pós decorativos com plástico apenas são permitidos em objetos decorativos não comestíveis.
Márcia Cavalcanti explica que o glitter continua sendo usado em bolos fakes, pois são apenas decorativos. “Nesses bolos a gente pode usar, porque é um bolo que não é comestível, é feito de isopor”, explica.
Conforme observou o ClickPB, a proibição ocorreu após repercussão do tema nas redes sociais, com publicação de vídeo do criador de conteúdo Dario Centurione. O influencer afirmou que comprou produtos com glitter “comestível” cuja descrição era 100% de material plástico.
A Anvisa ainda alerta os consumidores e confeiteiros que os rótulos dos produtos devem ser lidos com atenção no momento da compra, pois lojas especializadas em festas podem vender, no mesmo local, pós e glitter para fins decorativos (não comestíveis) e outros usados na culinária.
ClickPB

 
									 
					