A jovem Rossana Queiroz, natural de Monteiro, voltou a emocionar e sensibilizar a população ao publicar em suas redes sociais uma carta aberta, na qual relata sua difícil jornada de recuperação após ter sido vítima de uma tentativa de feminicídio em junho de 2022. O crime foi praticado por seu então companheiro e pai de seus três filhos.
Rossana sofreu graves lesões físicas e psicológicas. Desde então, enfrenta limitações de mobilidade, faz fisioterapia e segue acompanhada por uma equipe médica, familiares e amigos. Em sua mensagem, destacou que ainda luta para voltar a andar com firmeza, mas que mantém a esperança e a fé na superação.
Entrevista exclusiva
Em contato com a equipe de reportagem, Rossana respondeu a algumas perguntas sobre sua trajetória desde a agressão.
Quanto tempo faz desde a tentativa de feminicídio?
“Foi no dia 22 de junho de 2022. Já vão quase quatro anos. Na época, passei muito a mão na cabeça dele, pensando nos meninos, achando que era só uma fase. Hoje sei que não é assim: se a pessoa erra uma vez, vai errar sempre. É preciso sair de um relacionamento tóxico.”
O que mudou em sua vida após a agressão?
“Mudou tudo, absolutamente tudo. Precisei me aceitar como estou hoje, com as limitações e dores constantes. A fisioterapia é dolorosa, mas necessária.”
Qual foi o principal desafio na recuperação?
“Aceitar a dor física e emocional. Antes da agressão, me faltou coragem para denunciar. No dia, foi só maldade dele. Hoje, sei que deveria ter agido antes.”
Você perdoou o agressor?
“Até tento, mas não consigo. Perdão tem que vir do coração, tem que ser verdadeiro, e eu ainda não consigo.”
O que te dá forças para continuar?
“Meus filhos. Penso muito neles e por eles enfrento cada obstáculo. Eles são minha vida.”
Qual mensagem você deixa para outras mulheres em situação semelhante?
“Que não se calem. Não passem a mão pensando que vai mudar. Se retirem, seu lugar não é ali. Cada um deve seguir seu caminho.”
Apoio e agradecimentos
Rossana fez questão de agradecer às pessoas e instituições que têm sido fundamentais no processo de reabilitação:
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Academia Caverna, que cedeu espaço para os exercícios;
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Ivo, fisioterapeuta, pela dedicação diária;
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Família e amigos, com destaque para os pais e a mãe, que abriram mão da própria rotina para cuidar dela e das crianças;
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Médicos e advogados, que seguem acompanhando o caso;
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E principalmente seus três filhos, “razão maior de viver”.
Carta aberta
Em um trecho marcante de sua carta aberta, escrita em 23 de setembro de 2025, Rossana desabafou:
“Minha vida parou em 2022 por causa da maldade de alguém. Sei que já evoluí muito, mas ainda não tenho equilíbrio, meus pés não são como antes. Tenho fé que tudo vai passar, mas é difícil. Escrevo isso como um desabafo, porque viver assim é conviver com a tristeza e o vazio que não me deixam.”
Resistência e esperança
O relato de Rossana expõe, mais uma vez, a dura realidade enfrentada por mulheres vítimas de violência doméstica e reforça a importância da denúncia e do apoio social. Mesmo diante das sequelas, ela segue em busca de uma vida normal, movida pelo amor aos filhos e pela fé em dias melhores.
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