Nos últimos meses, chamou minha atenção a postura da Rede Globo, especialmente através do Conversa com Bial, em abrir espaço para nomes ligados ao segmento evangélico. Luiz Sayão, Shirley Carvalhaes, entre outros, passaram pelo programa trazendo temas que vão da música gospel às traduções da Bíblia.
Quem acompanha a história da emissora sabe que a relação dela com os evangélicos nunca foi simples. Durante décadas, o segmento foi visto mais como “objeto de pauta” do que como protagonista de diálogo. Agora, porém, vemos essa guinada de abertura e, por mais positiva que pareça, é natural que surja uma pergunta incômoda: seria apenas interesse cultural, ou haveria também uma jogada de marketing para atrair a simpatia de um público que cresce em número e em peso político no Brasil?
Não proponho aqui censura, nem desconfiança cega. O que proponho é atenção. Quando uma luz vermelha começa a piscar no painel do carro, não significa que devemos parar imediatamente, mas que precisamos estar atentos: algo importante está acontecendo. Assim também é neste caso, precisamos observar com discernimento.
Receber espaço na mídia é legítimo. Mas cabe a nós, cidadãos e cristãos, mantermos a consciência crítica, sem ingenuidade, para que nossa fé não seja reduzida a instrumento de audiência ou estratégia eleitoral.
Elcio Nunes
Cidadão brasileiro