A Prefeita de Monteiro, Ana Paula Morato, acompanhada do vice-prefeito Cajó Menezes e do Presidente da Câmara Municipal, Juraci Conrado e do Secretário de Cultura, Nanido Cavalcante, entregaram nesta sexta-feira (13), mais um espaço de convivência e preservação da cultura monteirense, com a inauguração do “Beco da Poesia”.

O evento contou com a presença de Poetas, Poetisas, Repentistas e Declamadores, num espaço dedicado a preservar a memória e o trabalho criativo dos mestres da cultura popular da arte da poesia, do repente e da cantoria de viola.

O Beco reúne obras de poetas populares, poetas clássicos e poetas contemporâneos que fizeram e fazem parte da história cultural da cidade, reunindo no mesmo espaço, versos e trovas de mestres da cultura que aqui nasceram ou viveram a maior parte da vida.

A Prefeita de Monteiro, Ana Paula Morato, disse que “O Beco da Poesia tem o objetivo de se tornar um espaço de encontro e de encanto pelos versos declamados e cantados ao longo dos séculos, que ficaram guardados na memória dos apaixonados pela arte da poesia e que agora têm um espaço dedicado a preservação da arte e dos poetas que fizeram da poesia sua razão de viver.” Concluiu.



Confira alguns do poemas cravados nas paredes do Beco da Poesia
POEMAS
Eu comparo esta vida
à curva da letra S:
tem uma ponta que sobe
tem outra ponta que desce
e a volta que dá no meio
nem todo mundo conhece
(Pinto do Monteiro)
Digo com sinceridade
Sentir saudade faz bem
Porque sentindo saudade
é que lembramos de alguém
(Jansen Filho)
Posso até suportar saudade sua
Se até mesmo a Lua se faz mais bonita por conta do amor
É só você chegar pra vida ficar bela
Numa linda aquarela, estampada e pintada com lápis de cor
(Nanado Alves)
Eu nasci e me criei
Aqui neste pé de serra
Sou filho nato da terra
Daqui nunca me ausentei
Estudei, não me formei
Porque meu pai não podia
Jesus, filho de Maria
De mim se compadeceu
Como presente me deu
Um crânio com poesia.
(Expedito de Mocinha)
No dia em que eu nasci
Foi grande a satisfação
Mãe fez um berço pra mim
De caixa de papelão
E o lençol fez de um saco
Que pai catava algodão.
(Amaro da Gameleira)
Tem umas coisas na vida
Que eu nunca pude entender
Uns nascem pra ter de tudo
E outros pra nada ter
Uns jogam comê no mato
E outros dormem sem comer.
(Amaro da Gameleira)
Meu Povo, quando eu morrer
Coloquem no meu caixão
Meu uniforme de Couro,
meu guarda-peito e Gibão,
Com um bonito retrato
de meu cavalo Alazão
(Lino Pedra Azul)
Segura as armas na mão
Para enfrentar a contenda
Se for forte, enfrente a luta
Se for fraco, se defenda
Se for covarde, se humilhe
Levante as mãos
E se renda.
(Diniz Vitorino)
Venha feliz à Monteiro
Solo poético e artístico
Da grande Zabé da Loca
Dum espaço um tanto místico,
Que sejam todos bem-vindos
Nestes cenários tão lindos
Deste complexo turístico.
(Beato Vicente)
Poeta que morre, não morre…
Apenas num voo se atira.
Depois, numa chuva, escorre,
Se esconde na terra, e então vira…
Talvez uma flor, um riacho,
Que canta nas pedras roçando.
Às vezes me assusto e acho
Que em noites te vejo cantando:
Quem sabe, um verso parido
Nos dias em que eras flor…
Quem sabe, ao riacho perdido
Nas noites mais quentes de amor.
(Raniel Quintans)
Êta, Monteiro das minhas visões de outrora!
Meu império de luz! Meu eldorado!
Dava-te tudo agora se pudesse agora
Conviver outra vez com teu passado
(Jansen Filho)
Monteiro antiga não tinha
Água, luz nem calçamento
Ao conquistar tudo ao longo
Do seu desenvolvimento
Hoje parece uma noiva
No dia do casamento
(Zé de Jabitacá)
Monteiro cidade bela,
Tens em ti encantos mil.
Minha morada singela,
Fazes parte da aquarela
Que enfeita meu Brasil.
Teu clima bom me encanta,
Tua calma me atrai.
Berço esplêndido de bonança,
Pareces uma criança,
Alegre, esperta, audaz.
(Joelma Vieira)
Na paisagem, no sotaque
Viver vida de mininu
Lambuzar na rapadura
À Virgem Maria, o destino
É ter orgulho danado
Ter nascido Nordestino
(Ismênia Thereza)
Quando vagar a notícia
Que o cabo velho morreu
Rezem pela minha alma
Quem for um amigo meu
Que vou pagar a sentença
Que Jesus Cristo me deu
(Cabo Edézio Vicente)
Sai pra falar com ela
No arraial Zé Marcolino
Quando aparece um menino
Trazendo um recado dela
Mandou-me te avisar
Você pode namorar
Que ela não vem à festa
Veja só o que me resta:
Beber, roer e chorar
(Zilmo Siqueira)
Saiba que quando eu te vejo
O fogo do desejo quer me consumir
Quero de novo teu beijo
Matar minha sede, ficar junto a ti
Não me venha com palavras
Com frases amargas qualquer coisa assim
Porque seu olhar não mente
e ele diz que você sente saudade de mim
(Ilmar Cavalcante)