Com muito ainda a ser esclarecido sobre o “criptogate”, o escândalo envolvendo a criptomoeda $Libra, que o presidente Javier Milei promoveu no X com um post que ele apagaria poucas horas depois, e que acabou colapsando, gerando perdas milionárias, é importante entender quem são alguns dos principais envolvidos nesta história.
Entre os protagonistas estão Milei, sua irmã e secretária-geral da Presidência, Karina Milei, três traders e um representante do mundo das criptomoedas que, nas últimas horas, denunciou um pedido de propina para ser recebido por Milei.
Hayden Mark Davis: sua empresa, “Kelsen Ventures”, teria sido a responsável pela entrada da $Libra no mercado. No dia 30 de janeiro, ele teve uma reunião com Javier Milei para “acelerar o desenvolvimento tecnológico argentino e transformar a Argentina em uma potência tecnológica mundial”, conforme afirmou o presidente. Davis se apresenta como assessor de Milei na área de “tokenização” e questionou o chefe de Estado por ter apagado o post que apoiava o lançamento da $Libra.
Julian Peh: outro trader com um papel crucial no “criptogate”. Em outubro de 2024, ele se reuniu com Milei, e um retuíte do presidente fez o token de sua empresa, o KIP Protocol, subir 20% em seu valor. Com 20 anos de experiência no mundo das criptos, Peh, advogado de Singapura, é proprietário da empresa que criou a $Libra, a criptomoeda recomendada por Milei, embora tenha apontado a Kelsen Ventures como responsável pelo ocorrido.
Mauricio Novelli: da N&W Professional Partners, está associado a Manuel Terrones Godoy, acusado de várias fraudes envolvendo investimentos digitais. Sua empresa oferece capacitação para quem deseja entrar no mundo financeiro. Novelli conhece Milei há anos, sendo que o presidente chegou a ser um dos “instrutores” da sua empresa. Novelli teria sido o intermediário entre Milei e o KIP Protocol. Em fevereiro de 2022, Milei recomendou o “Vulcano”, um token de propriedade de Novelli, destacando seu “diagrama econômico sustentável”. Duas semanas depois, o token acabou entrando em colapso.
Charles Hoskinson: uma grande referência no mundo das criptos, criador do “Ethereum” e “Cardano”. No X, Hoskinson contou que viajou para a Argentina com a intenção de se reunir com o presidente Milei e denunciou que Novelli e seu sócio Terrones Godoy pediram dinheiro para facilitar um encontro com Milei. Hoskinson deixou claro que o presidente foi “usado” na situação, sem envolvimento direto nos pedidos de propina.
Karina Milei: a secretária-geral da Presidência e irmã de Javier Milei foi responsável por autorizar diversas entradas de Novelli na Casa Rosada. Ela se reuniu com Novelli no dia 8 de janeiro por cerca de quatro horas e meia, enquanto o trader suspeito foi autorizado a visitar a Casa de Governo em outras cinco ocasiões. Além disso, Novelli fez mais quatro visitas ao escritório de Milei e três à Residência de Olivos (residência oficial da presidência argentina).
Javier Milei: o Presidente publicou um post no X na última sexta-feira, promovendo a cripto $Libra, o token que supostamente financiaria pequenas empresas e empreendimentos. “O mundo quer investir na Argentina. $Libra”, dizia uma parte do texto publicado nas redes sociais. Poucas horas depois, ele apagaria a mensagem sobre a cripto, que desabou repentinamente, gerando perdas estimadas em 4 bilhões de dólares.