O crime organizado movimenta cerca de R$ 146,8 bilhões por ano no Brasil com produtos lícitos, segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Os principais mercados explorados por essas organizações são combustíveis, bebidas, ouro e tabaco. O valor equivale a mais de três vezes o orçamento anual do Ministério da Educação e mostra a infiltração do crime na economia formal.
O estudo aponta que o mercado ilegal de combustíveis é o mais lucrativo para o crime organizado, gerando R$ 61,4 bilhões ao ano. Em seguida, aparecem as bebidas, com R$ 56,9 bilhões, o ouro, que movimenta R$ 18,2 bilhões, e o tabaco, com R$ 10,3 bilhões. Essas atividades envolvem contrabando, falsificação, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.
Os pesquisadores destacam que essas operações ilícitas representam 14,7% dos mercados analisados. O coordenador do estudo, Nívio Nascimento, ressalta que os números podem ser ainda maiores. “Estimamos de forma conservadora, mas os valores são expressivos e mostram o impacto econômico da atuação do crime organizado nesses setores”, explica.
A adulteração e o roubo de combustíveis são algumas das práticas criminosas mais comuns. Além disso, há desvios em importações e exportações, vendas sem nota fiscal e fraudes em operações interestaduais.
O relatório do FBSP recomenda medidas como rastreamento mais rigoroso dos produtos, ampliação da cooperação entre órgãos públicos e fortalecimento da fiscalização. Também sugere a criação de um departamento específico para monitorar essas atividades e combater a infiltração criminosa na economia.
O Ministério da Justiça tem coordenado operações para desarticular esses esquemas, especialmente no setor de combustíveis. O secretário Nacional de Segurança Pública, Mario Sarrubbo, afirmou que o foco é reduzir o fluxo financeiro das organizações criminosas. “Nosso objetivo é cortar a fonte de renda do crime organizado, que se fortalece explorando mercados legais”, conclui.
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