O Palácio Apostólico de Castel Gandolfo, na Itália, foi casa de verão dos papas durante 420 anos. Em 2016, o papa Francisco transformou a residência em um museu aberto ao público. O local é um complexo de estruturas mistas de 55 hectares, sendo maior que o Vaticano, com os seus 44 hectares.
Segundo a Santa Sé, os jardins do complexo abrigam remanescentes de uma das vilas mais famosas da Antiguidade, a Albanum Domitiani, residência de campo do imperador Domiciano no século I, que se estendia por cerca de 14 quilômetros quadrados da Via Ápia ao Lago Albano.
Em 2013, o então diretor das vilas pontifícias, Saverio Petrillo, afirmou que “as partes mais antigas do castelo remontam ao século 13”. O Palácio Apostólico de Castel Gandolfo foi comprado pelo Vaticano em 1596, quando a família Savelli – que era proprietária – não conseguiu pagar uma dívida com o papado.
Apesar de o Palácio Apostólico de Castel Gandolfo ter sido comprado, uma boa parte do complexo foi erguida nos papados de Urbano VIII, Inocêncio X e Alexandre VII.
Foi apenas no século 17, a pedido de Urbano VIII, que a porção principal do palácio, uma casa de campo de frente à praça e uma ala com vista para o mar, foi construída pelo arquiteto ítalo-suíço Carlo Maderno.
Histórico polêmico
O Castel Gandolfo, durante o século 19 e 20, ficou “abandonado” por quase 60 anos como resultado das disputas territoriais entre a Santa Sé e a Itália, durante a unificação do país europeu, o que fez com que os líderes da Igreja temessem deixar Roma e, assim, perder o controle do Vaticano.
Foi justamente nessa época que os papas passaram a usá-lo como residência de verão. Em 1929, Pio XI assinou um tratado com a Itália, no governo de Mussolini, que reconheceu o palácio e a vizinha Villa Barberini como “propriedades extraterritoriais da Santa Sé”.
Após o tratado, o papa modernizou Castel Gandolfo e voltou a utilizá-lo como retiro de férias a partir de 1934.
Lugar de abrigo
Castel Gandolfo, durante a Segunda Guerra, abrigou refugiados judeus que fugiam da perseguição nazista e permaneceram sob a proteção da Santa Sé.
Devido ao status especial do local, um território não-italiano dentro da Itália, o Castel Gandolfo virou uma espécie de santuário para os que procuravam refúgio dos bombardeios. Nesta época, o quarto do papa Pio XII virou uma espécie de maternidade.
Grávidas refugiadas se abrigavam ali e era possível ouvir, de longe, os choros de bebês que nasciam no local, segundo registros. De acordo o Vaticano, cerca de 40 crianças nasceram no palácio apostólico durante o período. Em homenagem ao papa, muitas das mães nomearam os filhos de Pio ou Eugênio (nome civil de Pio XII).
Casa de repouso dos papas
Em 1958, Pio XII morreu no palácio, assim como Paulo VI, em 1978.
O lugar acabou no centro de uma polêmica, durante o papado de João Paulo II, após o pontífice mandar construir uma piscina.
O retiro chegou a ser usado brevemente por Bento XVI, logo após sua “aposentadoria”. Quando Francisco assumiu o papado, ele foi ao palácio a convite de Bento XVI para passar duas semanas de férias em 2015.
Após essa viagem, Francisco decidiu que não passaria férias por lá e foi abrindo, aos poucos, o palácio ao público. A abertura começou pelos jardins com terraços e fontes em clássico estilo italiano, em 2014. Dois anos depois, todo o lugar virou um museu.