A segunda fase da Operação Retomada, deflagrada nesta sexta-feira (16), voltou-se diretamente contra nomes apontados como peças-chave em um esquema que desviou mais de R$ 126 milhões de benefícios de aposentados e pensionistas. Entre os alvos da investigação estão servidores do Judiciário, advogados e outros intermediários que, segundo o que aponta o Ministério Público, operavam de forma articulada para promover fraudes por meio de ações judiciais forjadas.
Um dos principais investigados é Irley de Souza Carneiro da Cunha, chefe de cartório da Comarca de Caaporã. Outro nome que aparece com destaque é o do advogado Hilton Souto Maior Neto. Também foram alvos da operação Armando Palhares Silva Júnior, Guilherme Queiroz e Silva, Rackson Santos de Lima e Jairo Meletti. Segundo o Gaeco, eles faziam parte do núcleo operacional e financeiro do esquema, sendo responsáveis pela captação de vítimas, administração dos recursos ilícitos e distribuição dos lucros entre os integrantes.
Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em imóveis ligados aos investigados nas cidades de João Pessoa, Sapé, Cabedelo e São Paulo. Em paralelo, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 10 milhões em bens pertencentes ao grupo.
As investigações revelam que os envolvidos supostamente utilizavam pelo menos 11 entidades fictícias para ajuizar mais de 230 ações coletivas. Os processos, movidos em comarcas sob influência do grupo, tinham como objetivo viabilizar empréstimos disfarçados, isenções indevidas em cadastros de inadimplentes, liberação artificial de margem consignável e até reativação irregular de milhas aéreas.
As ações tramitavam sob segredo de justiça, o que dificultava a identificação das fraudes e impedia a ampla defesa das vítimas. A maioria dos prejudicados sequer sabia da existência dos processos até perceberem descontos inexplicáveis em seus benefícios.
Até a publicação desta matéria, os investigados não haviam se pronunciado oficialmente.
PB Agora