Para aumentar a precisão da resposta à pergunta título da crônica, consultei meu amigo psiquiatra, Dr Ricardo Krause, especialista em crianças e adolescentes. Ele fez reflexões sobre a escala Binet-Simon e o debate em torno do QI. Depois, David Wechsler matizou o conceito na Universidade de Columbia abordando medidas além do puro desempenho intelectual. Surge uma escala para inteligência de adultos (WAIS), de crianças (WISC) e uma pré-escolar e primária (WPPIS). Ampliou-se a concepção de inteligência, integrando capacidades de adaptação e não apenas de lógica formal ou matemática. Dali teríamos também a pesquisa de Howard Gardner sobre as múltiplas inteligências. O chamado “efeito Flynn” analisava décadas de testes de QI e demonstrava que cada geração respondia melhor aos testes. Logo, gerações mais inteligentes, algo que pode estar relacionado ao avanço da nutrição, vacinas e até mais escolarização. Aparentemente, em meio a debates enormes sobre as medidas e testes, não se verifica um crescimento constante. Tomando esta medida, a resposta seria: sim, estamos emburrecendo, ao menos na capacidade de responder a testes. Todavia, a resposta é complexa: estamos debatendo ainda critérios de inteligência e validade de métodos para aferi-la.
Meu lugar de fala muito limitado: vou comparar alunos de 1985 e de 2025. Afirmo que eles continuam inteligentes, porém, diferentes. O foco piorou sensivelmente nos últimos anos. A inteligência atual é mais imagética do que era há 40 anos. Há muita dificuldade em ler uma longa oração subordinada e muita facilidade em apreender algo visual. A busca de dados provoca rapidez genial nos dedos dos jovens. A Biblioteca de Alexandria se curva aos sistemas do Google.
Sim, o uso excessivo de telas pode diminuir a motricidade fina e a comunicação intermediada por expressões faciais. Isso leva países pioneiros em computadores nas escolas a retrocederem. Escrever à mão, com papel físico, lápis e borracha, está voltando à moda. O excesso de informações pode criar vício em dopamina e o vídeo rápido será visto de forma superficial e ultrapassado o interesse em segundos. Isso existe, todavia, não parece ser um golpe na inteligência, apenas modulações importantes na capacidade de concentração.
Contratadores de mão de obra jovem sofrem com a falta de fidelidade da geração nascida perto do fim do século passado ou no começo deste. Morrer em um emprego não é mais projeto de vida da maioria. Estabilidade está fora de moda. Isso significa menos ou mais inteligência?