A recente eleição para a presidência da Câmara dos Deputados trouxe um momento raro de unidade política para a Paraíba. O estado se viu representado por Hugo Motta, que não apenas venceu a disputa, mas também entrou para a história como o presidente da Câmara mais jovem desde a redemocratização do Brasil. Um feito que, sem dúvida, ecoará por muitos anos na política nacional.
Nos bastidores movimentados da Câmara, em meio à expectativa que antecedia a votação, cruzei com a deputada paraibana Luiza Erundina, eleita por São Paulo, uma figura histórica da política brasileira, conhecida por sua trajetória marcada pela defesa da democracia e dos direitos sociais. Diante da importância do momento, não resisti e perguntei o que ela achava da possível ascensão de seu conterrâneo. Sua reação? O silêncio. Erundina preferiu não comentar.
O gesto pode ter diversas interpretações, mas o contexto é claro: o partido da deputada apoiava um candidato próprio à presidência da Câmara, o Pastor Henrique Vieira, o que, possivelmente, motivou sua postura reservada. Mesmo assim, o fato de não ter apoiado um conterrâneo não diminui sua trajetória ou sua coerência política. Isso, na verdade, é a essência da democracia.
Democracia não se faz apenas com votos favoráveis ou com apoios automáticos baseados em laços regionais. Ela se constrói na pluralidade de ideias, no respeito às divergências e, acima de tudo, na liberdade de cada parlamentar decidir de acordo com suas convicções. O silêncio de Erundina e a vitória de Hugo Motta são faces de uma mesma moeda: a da democracia em funcionamento.
Por Bruno Lira