Ataques israelenses na Faixa de Gaza mataram pelo menos 120 pessoas nas últimas 48 horas e atingiram um hospital do enclave, relataram médicos no sábado (23).
As forças israelenses intensificaram os bombardeios na extremidade norte de Gaza, sua principal ofensiva desde o início do mês passado.
Um porta-voz do Hamas disse que uma refém israelense sob custódia do grupo foi morta em uma área ao norte sob ataque de forças israelenses.
“A vida de outra prisioneira que costumava estar com ela continua em perigo iminente”, acrescentou o porta-voz Abu Ubaida, acusando o governo do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu de ser o culpado.
Um porta-voz militar de Israel disse que estava investigando o relatório do Hamas.
“Neste momento, não podemos confirmar ou negar”, disse o porta-voz. “O Hamas continua a se envolver em terrorismo psicológico e agir de forma cruel”, ele acrescentou.
Um grupo que representa as famílias dos reféns não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
O exército de Israel diz que suas operações no norte de Gaza visam impedir que os combatentes do Hamas realizem ataques e se reagrupem. Moradores locais dizem temer que o objetivo seja despovoar permanentemente uma faixa de território como uma zona de proteção, algo que Israel nega.
Ataque a hospital
No Hospital Kamal Adwan, uma das três instalações médicas no extremo norte de Gaza, o diretor Hussam Abu Safiya disse que o bombardeio israelense em andamento na área parecia ter como objetivo forçar a equipe do hospital a se retirar – algo que eles se recusaram a fazer desde o início da incursão.
“Ontem (sexta-feira), da tarde até meia-noite, o bombardeio atingiu diretamente a entrada da área de emergência e recepção várias vezes”, disse ele em um comunicado, acrescentando que 12 funcionários, incluindo médicos e enfermeiros, ficaram feridos.
O ataque também causou danos significativos que interromperam o gerador elétrico, a rede de suprimento de oxigênio e o suprimento de água, acrescentou.
Solicitado a comentar a declaração de Abu Safiya, o exército israelense disse que, após uma revisão inicial, “não estava ciente de um ataque na área do Hospital Kamal Adwan”, acrescentando que faz todo o possível para evitar ferir civis.
Israel diz que o Hamas usa hospitais e civis como escudos humanos e tornou públicos vídeos e fotos para apoiar essa alegação. O Hamas rejeita as alegações e diz que não usa a população civil ou instalações para fins militares.
A campanha de 13 meses de Israel em Gaza matou mais de 44 mil pessoas e deslocou quase toda a população do enclave pelo menos uma vez, de acordo com autoridades de Gaza.
A guerra foi lançada em resposta a um ataque liderado pelo Hamas que matou 1.200 pessoas e capturou mais de 250 reféns em Israel em 7 de outubro de 2023.
Meses de tentativas de negociar um cessar-fogo produziram escasso progresso, com o mediador Catar tendo suspendido seus esforços até que os lados estejam preparados para fazer concessões.
O Hamas quer um acordo que acabe com o conflito e leve à libertação de reféns israelenses e estrangeiros mantidos em cativeiro em Gaza, bem como palestinos presos por Israel, enquanto Netanyahu disse que a guerra só pode terminar quando o Hamas for erradicado.
CNN BRASIL