O aluguel do Museu das Favelas para a gravação do filme Dark Horse (O Azarão, em tradução livre), sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), gerou revolta no staff do equipamento cultural.
O museu é vinculado ao governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), que também alugou o Memorial da América Latina para o filme.
O Museu das Favelas é o cenário onde foi filmada a cena da facada sofrida pelo então candidato. A reportagem obteve um frame do vídeo que mostra o ator norte-americano Jim Caviezel sendo carregado por uma multidão, em frente ao prédio histórico do museu, no centro de São Paulo.
A locação do espaço ocorreu nos dias 3 e 4 de dezembro, entre 6h e 12h, mediante pagamento de R$ 57 mil, segundo tabela vigente. As equipes do filme usaram escadarias de entrada, foyer, hall, sala de reunião e espaços externos.
O Metrópoles apurou que o aluguel gerou revolta entre parte dos funcionários que atuam no local, que consideram que Bolsonaro não condiz com um espaço voltado à cultura periférica, que sofreu com diversas políticas do governo dele, incluindo a gestão na pandemia. O espaço alugado para o filme foi o mesmo que exibiu, neste ano, exposição sobre o grupo de rap Racionais MC’s, principal banda do hip hop nacional, cujos integrantes são críticos do ex-presidente.
Filme sobre Bolsonaro
- O roteiro do filme Dark Horse foi escrito pelo deputado federal Mário Frias (PL-SP), ex-secretário especial de Cultura no governo Bolsonaro.
- Com estreia prevista para 2026, o longa tem objetivo de alcançar o público internacional ao reconstituir a trajetória política do ex-presidente.
- Atualmente, Jair Bolsonaro está condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado e preso preventivamente desde 22 de novembro.
No caso citado, o Museu das Favelas autorizou a gravação nos dias 3 e 4 de dezembro de 2025, das 6h às 12h, mediante pagamento de R$ 57 mil, conforme tabela pública do contrato vigente. As áreas utilizadas foram as escadarias de entrada, o foyer, o hall multiuso, a sala de reunião nº 8 e espaços externos.
A Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo afirmou que a autorização não envolveu o uso de exposições, acervos, obras de arte ou marcas institucionais. Segundo a pasta, “a 20 temporária de espaços em equipamentos culturais estaduais é regular e prevista nos contratos de gestão firmados com as organizações responsáveis pela administração desses locais”. A prática segue critérios objetivos, “com acesso democrático, impessoal e transparente, respeitando as normas de preservação do patrimônio cultural e as regras que vedam o uso promocional de marcas institucionais”, diz o governo.
Memorial
O longa, dirigido por Cyrus Nowrasteh, também teve cenas gravadas no Memorial da América Latina, na zona oeste, de 19 a 22 de novembro deste ano.
Para ter direito ao uso de imagem do espaço, a produtora Go Up Entertainment desembolsou R$ 125.921,36, pagos ao governo do Estado de São Paulo. Segundo o termo de autorização, publicado no Diário Oficial, o aluguel contemplou o período das 8h às 22h de cada dia previsto.
A locação englobou o Auditório da Biblioteca Latino-Americana, Praça da Sombra (área em frente ao Pavilhão da Criatividade), Foyer do Auditório Simón Bolívar, e Anexo dos Congressistas (pavimento inferior).










