“Não permitirei que tentem reescrever a nossa história.” Foi com essa frase que o deputado estadual Hervázio Bezerra (PSB) encerrou um dos discursos mais duros e emocionais já feitos por ele na Tribuna da Assembleia Legislativa da Paraíba, na sessão desta terça-feira (25). Em tom de desabafo, o parlamentar abriu o coração ao comentar a crise que atingiu seu filho, o vice-prefeito de João Pessoa Léo Bezerra, após sua saída da presidência municipal do PSB.
Hervázio relatou que a “terça-feira de fogo”, como classificou, começou quando recebeu uma ligação do filho com a voz embargada, informando sobre a decisão de afastá-lo da direção partidária. Segundo ele, Léo estava “sufrido” e “decepcionado”, não pelo cargo em si, mas pela forma como o processo teria sido conduzido.
O deputado atribuiu o início da crise a declarações do secretário-geral do PSB, Sargento Neto, que afirmou na imprensa que Léo “não representava o partido”. Hervázio reagiu: “João Pessoa sabe que isso não é verdade. A Paraíba sabe que isso não é verdade.”
O parlamentar também defendeu a lealdade e a trajetória política do filho, destacando que “amizade e respeito não se compram; se conquistam com atitudes”. Em tom firme, lembrou que sempre advertiu que Léo não é de briga, mas que não admite injustiças. “Uma coisa é opção. Traição é outra”, afirmou.
Hervázio revistou parte de sua própria história política para justificar sua escolha em apoiar o prefeito Cícero Lucena (MDB) ao Governo do Estado em 2026, decisão que teria provocado incômodo dentro do PSB. Ele frisou que nada tem contra o vice-governador Lucas Ribeiro (PP), mas que sua ligação com Cícero é antiga e consolidada.
O momento mais tenso do discurso foi dirigido ao governador João Azevêdo, após o relato de que o chefe do Executivo teria telefonado para Léo para comunicar que ele não poderia permanecer na presidência do partido. “Não é correto fazer um favor e depois passar na cara”, afirmou. Hervázio disse ainda que sempre esteve ao lado do governador nos momentos difíceis e que não merecia o tratamento recebido.
O deputado desafiou, inclusive, o secretário envolvido na polêmica a debater “olho no olho” no plenário da Assembleia, caso desejasse. “Se ele vier, terá o tempo que pedir, e eu terei o meu, para que cada um faça sua avaliação da vida pública do outro”, disparou.
Em vários momentos, Hervázio se emocionou ao reconhecer que a crise tem lhe tirado o sono: “Sou de carne e osso. Tenho sentimento. Eu precisava desse desabafo, senão eu ia morrer.”
Ao final, deixou uma reflexão que considerou síntese de sua posição:
“Quando a porta da política se fecha por causa de divergência democrática, isso não diminui quem saiu; apenas revela quem a fechou.”
PB Agora


