O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) minimizou os acenos feitos pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante discurso na Assembleia-Geral da ONU nesta terça-feira (23). Para ele, o encontro anunciado por Trump deve ser interpretado dentro da lógica de negociação típica do republicano.
Na ONU, Trump relatou que se encontrou rapidamente com Lula: “Eu estava entrando e o líder do Brasil estava saindo. Nós nos vimos e nos abraçamos. Combinamos de nos encontrar na semana que vem. Foi pouco tempo, cerca de 20 segundos, mas tivemos uma boa conversa. Ele parecia um homem muito legal. Na verdade, houve uma química excelente entre nós”, disse o americano.
Em resposta, Eduardo Bolsonaro publicou nas redes sociais que Trump “fez exatamente o que sempre praticou”: aumentou a tensão, aplicou sanções e depois retornou à mesa em posição de força.
Para o parlamentar, o movimento não significa vitória para Lula, mas um passo calculado. Como exemplo, citou a sanção imposta pelos EUA à esposa do ministro Alexandre de Moraes, que chamou de “recado claro e direto” contra “o maior violador de direitos humanos da história do Brasil”. Segundo ele, a medida mostrou a “firmeza estratégica” de Trump, que logo em seguida abriu espaço para o diálogo.
“O que se vê é a marca registrada de Trump: ele entra na mesa quando quer, da forma que quer e na posição que quer”, escreveu Eduardo.
O deputado avaliou ainda que caberá a Lula “tentar extrair algo de positivo” em um contexto no qual o Brasil depende do bom relacionamento com os EUA. “Trump disse que sem os EUA o Brasil vai mal. Não há para onde correr: o Brasil precisa dos EUA, reconheça isto ou não”, afirmou.
O discurso encontrou eco entre aliados bolsonaristas. O jornalista Paulo Figueiredo, que acompanha Eduardo nos Estados Unidos, chamou Trump de “gênio”. Segundo ele, o republicano “denuncia a ditadura brasileira na ONU, depois diz que gosta do Lula e o convida para conversar, mas ressalta que o Brasil só vai bem se estiver ao lado dos EUA”.
Nos bastidores, dirigentes do PL interpretam o gesto como uma forma de enfraquecer a posição de Lula na mesa de negociações e reforçar o discurso pela anistia “ampla, geral e irrestrita” aos condenados do 8 de Janeiro. Aliados também avaliam que a movimentação de Trump ajuda a desviar o foco de desgastes internos, como o aumento de tarifas atribuído ao governo anterior.
As informações são do O Globo