D. Pedro II foi imperador do Brasil entre 1840 e 1889. Foram 49 anos de governo. Suas contribuições foram extraordinárias: consolidou a unidade do país, trabalhou para a abolição da escravidão, lançou as bases do sistema representativo, garantiu ampla e irrestrita liberdade de imprensa. Sua estatura política tem muito a ensinar.
Segundo o historiador José Murilo de Carvalho, D. Pedro II foi um apaixonado pelo Brasil. Órfão da nação desde cedo, ele foi criado e educado para ser um político dedicado ao interesse nacional. Tornou-se um estadista erudito respeitado por todo o mundo europeu.
Em suas cartas, D. Pedro II dizia ser servo da Constituição e se tornou internacionalmente reconhecido por sua defesa da liberdade de imprensa. Mesmo quando fortemente atacado por jornais, ele não reagia com punições e cerceamento de liberdade.
Ao longo de seu governo, D. Pedro II nunca aceitou aumento de remuneração e não acumulava dinheiro usando o Estado para o próprio benefício. Em viagens privadas, não usava dinheiro público. Em defesa do Brasil, arriscou a própria vida na campanha da guerra contra o Paraguai. Para ele, o Brasil precisava reagir para ser honrado.
D. Pedro II foi um patriota e simpatizante do republicanismo. Dizia preferir ser presidente a imperador constitucional. Tinha também forte posição contra a escravidão, contribuindo para o fim do tráfico de escravos e para a causa abolicionista.
Militares republicanos tramaram o golpe, traindo D. Pedro II. Sua postura foi de aceitar a expulsão do país e não revidar os militares golpistas. Rejeitou qualquer ideia que pudesse derramar sangue. Ao falecer em Paris, sua estatura política foi amplamente reconhecida por todo o mundo.
D. Pedro II foi um estadista cuja história tem muito a ensinar a uma República fraturada por polarização, cuja liberdade de imprensa é ameaçada por setores intocáveis das elites, cuja Suprema Corte custa mais do que uma família real, cujo Congresso é corporativista e patrimonialista, e cujo Executivo adora esbanjar o dinheiro dos outros.