A cirurgia para remoção da vesícula biliar à qual o governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), foi submetido na noite do último domingo (24), após dar entrada no Hospital Memorial São Francisco, em João Pessoa, com fortes dores abdominais, chamou atenção da população e reacendeu dúvidas sobre os sintomas, as causas e os cuidados relacionados a esse tipo de problema de saúde — mais comum do que muitos imaginam.
A reportagem do Fonte83 conversou com o médico cirurgião geral e do aparelho digestivo, Dr. Filipe de Pádua, que explicou, de forma clara, como identificar os sinais de alerta, as principais causas da formação de pedras na vesícula e como é feito o procedimento cirúrgico.
Sinais de alerta: quando a dor pode indicar um problema na vesícula
Segundo Dr. Filipe, o sintoma mais clássico de pedra na vesícula é uma dor na parte superior direita do abdômen, próximo às costelas, que costuma surgir após refeições gordurosas. “Mas essa dor pode se irradiar para o meio da barriga, o que leva muitos pacientes a confundirem com algo no estômago. Por isso é tão importante a avaliação de um cirurgião especializado”, destacou.
O incômodo ocorre, explica o médico, quando há a presença de pedras dentro da vesícula — órgão que se contrai após a alimentação para liberar bile. “Se existe uma pedra ali dentro e a vesícula tenta se contrair, a dor aparece”, afirmou.
Por que surgem pedras na vesícula?
A principal causa, segundo o especialista, está relacionada ao aumento do colesterol no sangue. “Esse excesso acaba se refletindo na bile, que é armazenada na vesícula, e favorece a formação de cristais que se transformam em pequenas pedras”, disse Dr. Filipe ao Portal Fonte83.
Ele destaca ainda que o problema é mais recorrente em mulheres, pessoas com sobrepeso e, geralmente, a partir dos 30 ou 40 anos. “É uma condição muito mais comum do que se pensa. E quando aparece, precisa ser acompanhada de perto para evitar complicações”, alertou.
Como é feita a cirurgia e qual o tempo de recuperação?
O procedimento mais utilizado atualmente é a colecistectomia videolaparoscópica, uma técnica minimamente invasiva feita por pequenos furos no abdômen. É a chamada “cirurgia por vídeo”.
“Hoje, essa é a via padrão. A dor no pós-operatório é menor, o tempo de internação é curto e a recuperação é muito mais rápida. Em casos simples, sem inflamação severa ou necessidade de dreno, o paciente pode ter alta no mesmo dia ou no seguinte”, afirmou o cirurgião.
Em média, o retorno às atividades ocorre entre 14 e 21 dias. “Mas muitos pacientes relatam já se sentirem bem com apenas três ou quatro dias após a cirurgia”, acrescentou ao Portal Fonte83.
Cuidados no pós-operatório e alimentação
No período de recuperação, o paciente deve evitar frituras, comidas gordurosas e temperos muito fortes, além de manter repouso relativo, sem esforço físico, especialmente nos primeiros dias.
“O retorno à rotina depende de como foi a cirurgia e da resposta individual. Dirigir, carregar peso ou se abaixar deve ser evitado até que o médico libere. A alimentação pode ser normal, desde que seja leve e saudável”, finalizou Dr. Filipe.
Enquanto isso, o governador João Azevêdo segue internado em observação, com previsão de alta nas próximas 48 horas. De acordo com boletim médico, a cirurgia foi bem-sucedida e o quadro de saúde é considerado bom. Ele permanecerá afastado de compromissos externos durante a semana por recomendação médica.
FONTE83