Durante a última semana foi divulgado o caso do “narcogato” na Costa Rica, quando um gato de pelagem clara e olhos perdidos foi pego tentando atravessar os muros da Penitenciária de Pococí. O animal não levava consigo bilhetes nem saudades. Preso ao corpo, escondia 235 gramas de maconha, 68 gramas de pasta base de crack e um punhado de papéis. O bichano não miava — talvez soubesse o que carregava. Entregue às autoridades sanitárias, o felino virou símbolo do narcotráfico que usa patas e garras para driblar a vigilância.
Foi o mais recente caso de “narcogatos”, mas não o único. Desde 2015, a Costa Rica registra tentativas cada vez mais engenhosas e cruéis de usar animais para levar drogas a presídios. No mesmo ano, por exemplo, um pombo foi capturado ao tentar entrar em uma prisão com 14 gramas de cocaína e cannabis presos ao corpo.
Veja momento:
Poucos dias depois, cinco capivaras, conhecidas por serem roedores gigantes e pacíficos, corriam em direção à história. Viajavam em um carro fugitivo, junto de pacotes de crack e maconha, na Costa Rica. Eram ilegais no país, presas fora de seu habitat.
O veículo foi interceptado. Os dois homens detidos, com passagens criminais. As capivaras, levadas a um centro ambiental, não devem retornar ao seu habitat natural: devem servir, ironicamente, à educação ambiental.
Pombos e pacotes
O peso da ilegalidade em aves de pequeno porte. Ainda em 2015, um pombo foi flagrado tentando entrar em uma prisão costarriquenha com pequenas bolsas de drogas presas ao corpo. Já houve casos similares no Kuwait, onde um pombo carregava 178 comprimidos de ecstasy.
Os criminosos treinam essas aves utilizando comida e método de repetição.
Cães de carga e cirurgia
Entre os episódios mais brutais estão os cães usados como mulas vivas. Em algumas rotas, traficantes inserem drogas nos corpos dos animais por meio de cirurgias clandestinas. Nem todos sobrevivem ao procedimento. Muitos morrem antes mesmo de completar a “missão”.
Relatos de organizações internacionais mostram que os cachorros são escolhidos por sua confiança nos humanos.
Atraído pelo “queijo”
No Brasil, guardas do presídio da Barra da Grota, cidade localizada no Tocantins, capturaram um rato correndo pela prisão com uma cordinha amarrada no rabo. Durante uma investigação mais aprofundada, foram encontrados cerca de 30 sacos de maconha e 20 de cocaína.
As inspeções declararam que as drogas foram contrabandeadas ao longo do tempo pelo rato “adotado” por detentos de uma ala diferente.
O ratinho era domesticado, e gostava até de ser acariciado, afirmou o diretor da prisão à época.
Serpentes do contrabando
Nos anos 90, as serpentes foram as protagonistas da trama de contrabando com a ajuda de animais. Os inspetores da alfândega do Aeroporto Internacional de Miami descobriram cerca de 35 quilos de cocaína dentro dos corpos de 312 jiboias vivas vindas de Bogotá, Colômbia.
Um volume incomum, considerado como uma “protuberância não natural” na parte inferior do corpo de uma das cobras, chamou a atenção dos inspetores. Com o auxílio de um raio-x, foram descobertos dois preservativos recheados de cocaína que haviam sido colocados dentro do réptil.
À época, os investigadores informaram que os pellets de cocaína foram forçados para dentro do reto das cobras, que depois foram costurados.
Tráfico e vida selvagem: crimes interligados
Segundo uma análise da Universidade de Waterloo, no Canadá, crimes ambientais e tráfico de drogas compartilham frequentemente rotas, métodos e até operadores. O uso de animais funciona tanto como ferramenta de transporte quanto como fachada para encobrir cargas ilícitas. Isso cria um cenário de “duplo tráfico”: drogas e espécies ameaçadas circulam juntas sob os olhos das autoridades.
O relatório aponta que combater esse elo exige cooperação internacional, inteligência ambiental e um novo olhar sobre a interface entre segurança e ecologia.