A eleição de Leão XIV como novo papa da Igreja Católica, em 8 de maio, marca não apenas uma nova liderança no Vaticano, mas também o retorno à tradicional residência oficial dos pontífices. A mudança chama a atenção por contrastar com o estilo de vida adotado por seu antecessor, Francisco, que morreu no último dia 21 de abril, após 12 anos de pontificado.
Leão XIV decidiu residir no Palácio Apostólico, como a maioria dos antecessores de Francisco. Localizado na Cidade do Vaticano, o palácio abriga o apartamento papal, composto por cerca de 10 cômodos amplos.
Há um quarto com móveis históricos, incluindo uma escrivaninha do século 18, uma capela privativa, um escritório particular, uma biblioteca exclusiva e uma suíte médica – esta última acrescentada durante os últimos anos de João Paulo II, visando situações de emergência.
Além disso, o espaço conta com um jardim suspenso e acomodações para as religiosas que cuidam da manutenção da Prefeitura da Casa Pontifícia. É da biblioteca privada que o papa aparece semanalmente para orações, através da famosa janela com vista para a Praça de São Pedro.
Fora do Palácio, Leão XIV terá acesso a comodidades construídas por papas anteriores. Em Castel Gandolfo, residência de verão da Igreja, está disponível uma piscina inaugurada por João Paulo II.
Já dentro do Vaticano, o novo pontífice pode continuar a frequentar uma quadra de tênis próxima às Muralhas Leoninas – estrutura erguida no século 9 para proteger Roma. O clérigo já utilizava esse espaço mesmo antes de ser eleito como líder da Igreja Católica.
Francisco optou por residência simples
Em contraste com essa estrutura tradicional e longe do luxo do Palácio Apostólico, o papa Francisco viveu os 12 anos de seu pontificado na Casa Santa Marta (Domus Sanctae Marthae), um edifício funcional erguido em 1996, ao lado da Basílica de São Pedro. O prédio foi idealizado por João Paulo II para oferecer mais conforto aos cardeais durante os conclaves.
Desde sua eleição, em 13 de março de 2013, Francisco optou por continuar morando na suíte 201, local em que já estava hospedado. A decisão de abrir mão dos aposentos papais foi motivada por seu desejo de viver em comunidade, característica da tradição jesuíta. Ele dividia o ambiente com padres, bispos e participantes de reuniões e conferências no Vaticano.
O apartamento de Francisco incluía uma capela, escritório particular, sala de jantar, cozinha e quartos para secretários e funcionários. A decoração era discreta, com destaque para um crucifixo de madeira, uma imagem de Nossa Senhora de Luján – padroeira da Argentina, Uruguai e Paraguai – e uma estátua de São José.
Francisco foi o primeiro papa, em mais de 110 anos, a não viver nos aposentos do terceiro andar do Palácio Apostólico. O último a adotar outra residência havia sido Pio X, no início do século 20.
A Casa Santa Marta tem cinco andares, com 26 quartos individuais e cinco suítes maiores. Os aposentos, embora confortáveis, seguem um padrão simples. As suítes possuem móveis funcionais: escrivaninha, cadeiras, armários, cômoda, mesa de cabeceira e banheiro privativo. Todos os ambientes dispõem de telefone e TV por satélite.
Francisco também adotou hábitos pouco convencionais para um papa. Celebrava missa diariamente, às 7h, na capela principal da residência, ao lado de funcionários do Vaticano. Suas refeições eram feitas na sala de jantar comum, no térreo da hospedaria.
Ao justificar sua escolha, o pontífice explicou à imprensa: “A residência no Palácio Apostólico é (…) grande e de muito bom gosto, mas não é luxuosa (…). É grande, mas a entrada é estreita. Apenas uma pessoa por vez consegue entrar e eu não consigo viver sozinho. Preciso viver minha vida com outros”.
